Estupros e furtos aumentam em SP e superam números pré-pandemia

Por CLAUDINEI QUEIROZ

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os casos de estupro e de furtos no estado de São Paulo atingiram em julho padrões superiores aos observados no mesmo mês de 2019, antes da pandemia de Covid-19.

Os dados de crimes foram divulgados nesta quinta-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que também apontaram aumento de homicídios dolosos, aqueles com intenção de matar.

Uma das estatísticas que mais aumentaram no período foi a de estupros, passando de 850 casos em julho de 2019 para 1.071 este ano (um aumento de 26%). Desse número atual, segundo a SSP-SP, 627 foram estupros de vulnerável.

A comparação é feita com 2019 porque tanto em 2020 quanto em 2021 estavam em vigor medidas de restrição contra o coronavírus, o que afetava a circulação de pessoas na rua --e, consequentemente, os índices de violência.

Na capital paulista, os casos de estupro aumentaram em um ritmo menor, de 14%, passando de 190 para 217 (150 deles de vulnerável).

Em relação a furtos (quando não envolve violência contra a vítima), o estado teve um aumento de 11,38% em relação a antes da pandemia, indo de 43.402 para 48.341. Na capital, o aumento foi ainda maior, de 15,5% (de 17.946 para 20.732).

Já no quesito roubos (quando há violência na ação dos criminosos), houve uma pequena queda no estado, passando de 21.957 no mês de julho antes da pandemia para 20.063 este ano.

Os dados também apontaram um aumento de crimes dolosos no estado. No caso dos homicídios, o crescimento foi de 38,7% no estado, passando de 186 em 2019 para 258 agora. No município de São Paulo, a porcentagem foi semelhante: 35,3% (de 34 para 46).

As tentativas de homicídio também subiram, passando de 249 para 279 em julho de 2022.

Na lesão corporal dolosa, o aumentou foi de 12,3% em todo o estado, indo de 9.479 para 10.653. O crescimento foi ainda maior na capital, passando de 2.305 para 2.742 (18,9%).

Para David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não é possível apontar qual a tendências dos próximos meses.

"Esse comparativo de apenas um mês, como o aumento dos estupros em 26%, pode esconder tendências mais amplas que não necessariamente vão se confirmar. Você tem o aumento do mês, mas é corrigido no mês seguinte. Esse tipo de informação é importante para a gente se manter atualizado, mas não é suficiente para se fazer uma análise dos motivos. De qualquer forma, todo aumento chama a atenção, ainda mais em crimes dolosos, crimes sexuais e contra a vida, como o homicídio doloso e a lesão corporal dolosa", diz Marques.

"A ideia dos furtos é um fenômeno como os crimes patrimoniais em geral, que a gente viu um aumento no ano de 2021 inteiro e parece que tem continuado a aumentar em 2022. A princípio, ainda no nível inferior ao de pré-pandemia, no Brasil todo assim como em São Paulo. É interessante que os roubos não apareceram aqui enquanto um crime patrimonial relevante. Por outro lado, temos o homicídio doloso e a lesão corporal dolosa com aumento significativo. Isso chama a atenção", destaca Marques, enfatizando que São Paulo ainda mantém a menor taxa de mortes violentas intencionais do país.

Segundo o especialista em segurança, o estado passa por uma diminuição significativa dessa estatística nos últimos 20 anos. "Verificar um aumento agora seria bastante negativo, mas é apenas um mês. Comparando 2022 a 2019 acende um sinal de alerta para que a gente continue monitorando esse número. O caso da lesão corporal dolosa pode estar submetido às mais diversas tendências, como conflitos interpessoais de diferentes ordens, e é algo também para se acompanhar."

Procurada, a SSP não respondeu até a publicação da reportagem.