Protesto contra demora em pagamentos do Censo reúne poucos recenseadores

Por LEONARDO VIECELI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com ameaça de greve nacional, recenseadores marcaram manifestações em frente a prédios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a manhã desta sexta-feira (26), mas a baixa adesão frustrou lideranças da categoria em capitais.

Os organizadores pedem melhores condições de trabalho durante o Censo Demográfico 2022, que começou no dia 1º de agosto. A principal reclamação é sobre atrasos na liberação de pagamentos por parte do instituto.

Houve ato nesta sexta em Salvador com cerca de 50 pessoas, segundo lideranças locais. A expectativa, porém, era de um público maior. Em cidades como o Rio de Janeiro, o protesto não ganhou corpo e ficou esvaziado.

Desde que a coleta das informações do Censo teve início, o IBGE reconheceu a demora em parte dos repasses e pediu desculpas aos trabalhadores temporários por meio de dois comunicados.

Mesmo com a baixa adesão nos atos desta sexta, lideranças da categoria prometem realizar greve na próxima semana, a partir de 1º de setembro, caso não consigam avançar nas tratativas com o órgão de pesquisas.

Os recenseadores são responsáveis por entrevistar a população brasileira durante o Censo. A intenção do IBGE é visitar cerca de 75 milhões de domicílios até o final de outubro.

Recenseadores reclamam, por exemplo, da demora para receber pagamentos pelo trabalho em setores censitários onde as entrevistas já teriam sido concluídas.

Parte dos profissionais também relata que ainda não recebeu toda a ajuda de custo pela participação em atividades de treinamento ocorridas em julho.

Os salários da categoria são variáveis, já que dependem da produção individual. O IBGE lançou uma ferramenta que simula a remuneração em diferentes cidades. O simulador está disponível no site do Censo 2022.

"O IBGE reconhece e pede desculpas pela demora na liberação do pagamento do trabalho de coleta dos recenseadores. O instituto informa que está comprometido em reduzir esses prazos", disse o órgão em pedido de desculpas divulgado na terça (23).

"Em relação aos pagamentos solicitados, até dia 18/08 [quinta-feira], referentes a ajuda de locomoção e diárias, já foram regularizados. Sobre os pagamentos de ajuda de treinamento, há ainda algumas demandas residuais que estão sendo resolvidas caso a caso pelo IBGE em suas respectivas unidades estaduais", completou o comunicado.

O planejamento do Censo aponta para a contratação de cerca de 183 mil recenseadores. Em torno de 160 mil já foram contratados, segundo resposta do IBGE à reportagem na quarta (24). Cerca de 10 mil estão em treinamento, indicou o instituto.

Um dos desafios que o órgão enfrenta é a desistência. Em menos de um mês, 6.550 recenseadores deixaram de trabalhar na pesquisa.

O IBGE, contudo, argumenta que o nível de rescisões está dentro do previsto, sem oferecer riscos ao andamento da operação. Recenseadores também se queixam de falta de segurança para trabalhar e de ameaças de moradores em diferentes cidades.