USP terá bolsas pagas por empresas e pessoas físicas

Por MATHEUS MOREIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A USP (Universidade de São Paulo) lança nesta quarta (31) um programa que dará bolsas de R$ 800 pagas por empresas e pessoas físicas para ajudar na permanência de alunos em situação de vulnerabilidade econômica e social.

O programa, chamado de USP Diversa, atenderá negros, indígenas, pessoas LGBTQIA+, pessoas com deficiência, exilados e pessoas com a guarda de filhos com idade entre zero e três anos.

A iniciativa nasce com 270 bolsas, fruto da adesão dos bancos Itaú, Santander e Deutsche Bank e da Dow Química, companhia de produtos plásticos, químicos e agropecuários. Além dessas quatro empresas, pelo menos mais uma está em negociação com a universidade.

"Nós temos que evitar que os alunos deixem o curso. Essa parceria é muito importante para nós, porque os recursos da universidade são finitos. Além da permanência, há um ganho acadêmico no sentido de criar uma rede e facilitar a empregabilidade, estágios", diz a historiadora Ana Lucia Duarte Lanna, pró-reitora de Inclusão e Pertencimento.

A quantidade de bolsas será definida anualmente de acordo com a oferta, segundo a USP. Além disso, a necessidade de renovação da bolsa dependerá do que for determinado previamente pelas empresas.

A pessoa jurídica que aderir ao programa determinará se quer financiar bolsas para qualquer estudante em situação econômica e social vulnerável ou se prefere direcionar as suas bolsas para um grupo específico, como indígenas ou pessoas transgênero.

Também é possível que as empresas escolham as faculdades para as quais desejam doar as bolsas.

Independente do perfil definido pelas empresas, os alunos serão selecionados a partir de critérios estabelecidos pela pró-reitoria, que determinará quais alunos serão beneficiados, mesmo aqueles dentro dos grupos específicos.

Para concorrer a uma bolsa, os estudantes devem se inscrever por meio da pró-reitora e apresentar os documentos necessários para comprovar a necessidade de auxílio. Uma vez inscritos, os estudantes terão sua documentação analisada e serão classificados de acordo com o nível de vulnerabilidade.

Questionada sobre se não haveria um risco de criar concorrências entre os grupos, priorizando perfis específicos, como pessoas LGBTQIA+ brancas em detrimento de indígenas, por exemplo, Lanna disse que acredita que isso não acontecerá, mas reconhece haver preocupação com essa possibilidade. "Até porque, em muitos casos, temos alunos não cotistas que preenchem as condições de vulnerabilidade", afirma.

A pró-reitora diz ainda que uma das medidas que pode impedir que isso aconteça é a seleção feita pela própria reitoria.

Na prática, dentro do exemplo anterior, em um grupo de pessoas LGBTQIA+ a universidade buscará um equilíbrio entre os beneficiados selecionados a partir das suas condições financeiras, de gênero e étnico-raciais.

Doações de pessoas físicas vão para fundo Pessoas físicas também podem participar do programa. Diferente de empresas, pessoas que queiram ajudar não precisam firmar um compromisso de longo prazo. Lanna explica que é possível que uma pessoa doe apenas uma vez. O valor mínimo é de R$ 100, mas também será possível doar mensalmente.

As doações de pessoas físicas vão para um fundo que financiará as bolsas de estudantes selecionados pela pró-reitora de acordo com os critérios econômicos e sociais adotados pela entidade. Os doadores dessa categoria não poderão escolher nem os grupos nem as faculdades para as quais desejam doar.

Os estudantes deverão ser aprovados em matérias cursadas, manter-se matriculados em uma quantidade mínima de disciplinas (que varia de acordo com o curso), comprovar frequência mínima e ser aprovados em número mínimo de créditos ao ano.

A pró-reitora afirma que o programa será monitorado e avaliado. O objetivo desse acompanhamento é analisar se o USP Diversa garantirá a permanência de estudantes na universidade.