Obras roubadas de Tarsila despertam dúvida de como calcular o valor de uma tela
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A apreensão de quadros roubados de uma importante coleção de arte no Rio de Janeiro, com peças de valor estimado entre R$ 1 milhão e R$ 300 milhões, chamou a atenção pelo preço exorbitante de algumas das pinturas. Mas como saber quanto vale um quadro raro de Tarsila do Amaral?
O mercado de arte é um dos mais opacos da indústria cultural, com transações particulares que não vêm a público, preços que flutuam de acordo com a moda do momento ou interesse por determinado artista, a raridade da peça, entre outros fatores.
Os quadros da coleção de Jean Boghici apreendidos pela polícia nesta terça-feira integram a mesma coleção há décadas e muitos nunca estiveram à venda. É possível, no entanto, calcular valores aproximados com base nos pares dessas peças.
Agentes do mercado de arte comparam o desempenho de obras semelhantes do mesmo artista, como telas das mesmas características, da mesma fase ou mesmo assunto, em leilões passados. Os leilões, aliás, são um oásis de transparência no mercado de arte, porque todo o histórico deles é público.
Quando falamos em obras de arte mais caras do mundo, em geral nos referimos a preços realizados em leilão. É o caso do "Salvator Mundi", de Leonardo Da Vinci, vendido por US$ 450 milhões há cinco anos, considerada a obra de arte mais cara do mundo.
Mas outras, como "Os Jogadores de Cartas", de Paul Cézanne, figuram na lista das mais caras sem haver uma confirmação definitiva do preço. Fontes asseguram que ela teria sido vendida por US$ 250 milhões para um comprador do Qatar, mas ninguém pode saber ao certo.
No caso das telas de Tarsila do Amaral apreendidas no Rio de Janeiro, "O Sono", "Sol Poente" e "Pont Neuf", todos do intervalo das décadas de 1920 e 1930, considerado o auge da artista, é possível estimar preços de fato nas alturas.
A última venda importante de Tarsila do Amaral, "A Lua", comprada pelo MoMA, era de 1928 e foi vendida por US$ 20 milhões há dois anos.