Quem é Rosa Stanesco, suspeita de golpe milionário em idosa no Rio

Por MARIANA MOREIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma das mulheres presas durante a investigação de um roubo milionário de quadros nesta quarta-feira (10), Rosa Stanesco Nicolau, 53, foi uma das falsas videntes que cruzaram o caminho da vítima, Geneviève Coll Boghici, 82, segundo a polícia do Rio de Janeiro.

Conhecida como Mãe Valéria de Oxóssi, a cartomante prestou depoimento nesta quinta (11). A mulher é suspeita de ser integrante de um grupo de videntes que dá golpes financeiros há pelo menos 20 anos. A polícia não informou o nome do advogado de defesa da vidente.

Além de Rosa, a polícia prendeu três pessoas. Uma delas é Sabine Boghici, filha de Geneviève, que denunciou ter sido mantida em cárcere privado por ela por um ano. Durante esse tempo, o grupo teria levado obras de arte, joias e dinheiro que os investigadores estimam em R$ 725 milhões. Entre os bens estão obras de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

"Todos os integrantes da quadrilha têm históricos, muitos registros e as mais atuantes são a Rosa, a Diana e a Jacqueline com vidência, essa atividade de ler a sorte, colocar cartas. E tem vários registros de vários golpes que elas praticaram há mais de 20 anos", disse o delegado Gilberto Ribeiro, responsável pelas investigações.

Jacqueline Stanesco e o filho de Rosa, Gabriel Nicolau, foram presos. Já Diana Rosa Stanesco Vuletic e Eslavo Vuletic estão foragidos. Os suspeitos serão indiciados sob suspeita de associação, cárcere privado, estelionato e roubo e extorsão.

Segundo o inquérito, o golpe teve início em janeiro de 2020, quando, ao sair de uma agência bancária em Copacabana, na zona sul do Rio, Geneviève foi abordada por Diana Vuletic, que disse ser vidente e ter pressentido que sua filha estava doente e morreria em breve.

Ela então convenceu a idosa a ir com ela até seu apartamento no bairro. Ali jogou búzios, confirmou a previsão trágica e a levou para a casa de uma segunda vidente que faria a cura --era Rosa Stanesco.

"Ela contou que a Diana ia procurar uma pessoa de confiança absoluta, muito próxima e que ela saberia o que ser feito para curar a filha. Aí elas procuraram a Rosa e mais uma vez o processo se repetiu. Só que dessa vez a Rosa disse que sabia que a idosa tinha posses, que ela tinha recursos e que ela poderia pagar pelo trabalho. E a idosa acreditou que ela tinha esse dom", disse o delegado.

Durante o furto e a elaboração do crime, diz o delegado, a própria idosa percebeu que a filha não parava de conversar com a Rosa. O contato entre elas se intensificou ao longo da pandemia. Geneviève contou à polícia que descobriu que Rosa e Sabine viviam uma união estável.

Rosa, segundo o delegado, foi presa em um imóvel em Ipanema. "Ela reside nesse imóvel há bastante tempo. É um imóvel de bom nível em Ipanema, mas ela não tem trabalho que não seja esse ligado a falar de sorte. Há evidências no local de que ela tem muito patrimônio. Se todos esses bens pertencem a ela, vamos ver. Mas vamos ver, porque ela distribuiu o patrimônio no nome dos filhos", disse o delegado.

Durante o golpe, cerca de R$ 9 milhões foram movimentados por transferência bancária, o que pode ser comprovado por recibos, segundo o delegado. Os repasses foram feitos em favor dos nomes de Gabriel Nicolau, Ronaldo Ianov e Eslavo Vuletic. Gabriel é um dos cinco filhos de Rosa.

Pelo relato da idosa à polícia, poucos meses antes do início do isolamento pela pandemia, entre setembro e dezembro de 2019, a filha morou na casa da família, na região serrana do Rio. Lá, o caseiro contou que Sabine discutia quase que diariamente com uma mulher chamada Valéria.

A idosa, segundo o delegado, disse que Valéria de Oxóssi era uma amiga de Minas Gerais de Sabine. E, na época, não fez nenhuma ligação com a cartomante.

"Quando a gente falou que o apelido da Rosa era Valéria de Oxóssi, ficou claro que havia uma associação antes nesse período. Eu não diria que há um esquema de venda de contrabando de obras de arte. Houve uma venda internacional que vamos investigar mais adiante, mas não como uma atividade específica", disse o delegado.