Ministério da Agricultura identifica contaminante em mais lotes de petisco para cães
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Resultados preliminares de análises do Ministério da Agricultura identificaram a presença de monoetilenoglicol, uma substância tóxica, em novos lotes de produtos para alimentação animal da marca Bassar Pet Food.
Tutores de pelo menos nove estados e do Distrito Federal relataram à Polícia Civil de Minas Gerais mortes de cachorros após o consumo dos alimentos. A investigação contra a empresa levou à interdição de uma fábrica, localizada em Guarulhos (SP), e ao recolhimento de todos os lotes de produtos pelo Ministério da Agricultura na semana passada.
No último dia 2, o órgão divulgou que considerava suspeitos de contaminação dois lotes de produtos: Every Day sabor fígado (lote 3554) e Dental Care (lote 3467). A pasta, porém, determinou na ocasião a suspensão de todos os lotes da marca de forma preventiva, para fazer a investigação.
Nesta sexta (9), ao divulgar as conclusões parciais dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária, o ministério não informou em quais novos lotes foi identificada a contaminação.
Em nota, Bassar afirmou que fará um recall de todos os produtos fabricados desde 7 de fevereiro de 2022. "Isso compreende todos os lotes de produto, marca própria ou marca Bassar, com numeração acima do lote 3329 (inclusive este)", explica.
A suspeita do ministério é de que os cães tenham sido contaminados por monoetilenoglicol, que foi detectado em exames veterinários de ao menos dois animais mortos. A substância, usada para refrigeração, é da mesma família do dietilenoglicol, apontado como causa da morte de dez consumidores da cerveja Belorizontina, da marca mineira Backer, entre 2019 e 2020. Entre outros problemas, as duas substâncias estão associadas a doenças renais.
No caso da Bassar, a substância tóxica foi identificada como contaminante de outro produto, o propilenoglicol, que é um ingrediente industrial de uso permitido na alimentação animal e humana. O aditivo precisa ser adquirido em empresas registradas no Ministério da Agricultura.
Segundo a pasta, as investigações ainda não identificaram a origem do aditivo contaminado, "em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados sem registro no ministério".
A Bassar Pet Food afirmou em nota que tem colaborado com as autoridades para a investigação do caso desde o surgimento da primeira denúncia.
"A Bassar fechou sua fábrica e contratou empresa independente para realizar uma profunda auditoria em seu processo de produção e maquinários e de todas as matérias-primas que compõem seus produtos finais", diz a nota.
A empresa também explica que, para participar do recall, "basta o consumidor devolver o produto à loja, que deverá realizar o reembolso do valor gasto, independentemente se a embalagem já estiver aberta ou se parte do produto já tiver sido utilizada".
O ministério também determinou nesta sexta que as empresas fabricantes de alimentos ou mastigáveis para animais devem indicar os lotes de propilenoglicol presentes em seus estoques e quem são os fabricantes. A indicação deve ser feita no Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal da região.
As empresas também devem indicar os lotes de produtos que contenham propilenoglicol em sua composição e que já tenham sido distribuídos. As empresas têm o prazo de dez dias para atender a essas determinações.