Atirador tocou músicas sobre Bolsonaro antes de matar petista em Foz, mostra laudo

Por HERCULANO BARRETO FILHO

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O policial penal Jorge José da Rocha Guaranho baixou e reproduziu músicas sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), da campanha eleitoral de 2018, 30 segundos antes de chegar ao local em que matou a tiros o guarda municipal Marcelo Arruda, em 9 de julho, em Foz do Iguaçu (PR). Guaranho foi denunciado por homicídio qualificado pelo assassinato. A conclusão faz parte do laudo no celular do atirador, anexado nesta quinta-feira (8) à investigação do caso.

Tesoureiro do diretório do PT na cidade paranaense, a vítima comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa alusiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal liderança do partido. Guaranho está preso preventivamente no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, desde a madrugada de 13 de agosto.

O laudo indica que o atirador fez uma busca no YouTube às 23h28 de 9 de julho; isto é, 12 minutos antes da chegada do seu veículo ao local onde Arruda comemorava o seu aniversário.

Após pesquisar no aplicativo pelo termo "Bolsonaro", Guaranho criou uma lista de reprodução de músicas alusivas ao presidente. A lista tinha conexão ao aparelho de som do carro via bluetooth. O atirador ficou sabendo da festa temática alusiva ao PT horas antes, enquanto participava de um churrasco com amigos perto dali.

Ao saber que havia uma festa com temática petista com base em câmeras de monitoramento no local da festa, Guaranho foi ao local "para provocar" os convidados, segundo apontou o inquérito da Polícia Civil.

O laudo indica que Guaranho voltou a reproduzir a playlist com canções de Bolsonaro desde a primeira música às 23h40.

Isso aconteceu apenas 30 segundos antes de parar o seu carro em frente ao local onde Arruda comemorava o seu aniversário com uma festa em alusão ao PT.

Guaranho atirou em Arruda às 23h51 de 9 de julho.

Os representantes legais da família de Arruda entendem que o laudo do celular comprova que houve motivação política no crime.

Após atirar em Arruda, o policial penal levou mais de 20 chutes na cabeça dados por três pessoas em quase seis minutos. Ele só teve alta hospitalar um mês após o crime.

Os advogados do atirador alegam que as agressões sofridas por Guaranho agravaram o estado de saúde dele e pediram à Justiça para que a recuperação ocorresse em prisão domiciliar. Mas o pedido foi negado.

A audiência de instrução e julgamento do caso ocorrerá entre 14 e 15 de setembro. Na ocasião, serão ouvidas testemunhas e será decidido se o caso será levado a júri popular.