Praça em SP vira motel após dispersão da cracolândia, dizem moradores
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vizinhos da praça Júlio Mesquita, no centro de São Paulo, relatam que o espaço tem sido palco de cenas de sexo ao ar livre após uma concentração de usuários de drogas se formar a poucos metros dali.
Um morador registrou de sua janela, no fim da manhã da última segunda (26), o momento em que um homem e uma mulher mantinham relação sexual na praça, que está cercada com tapumes --o espaço foi fechado pela prefeitura no fim do ano passado para obras em razão de atos de vandalismo.
A praça está a poucos passos do fluxo, como é chamada a concentração de dependentes químicos, que se formou no cruzamento das ruas Vitória e Conselheiro Nébias. Desde maio, quando uma operação policial expulsou a cracolândia da praça Princesa Isabel, usuários têm migrado por diferentes pontos da região central.
Segundo relato de moradores, sempre houve a presença de usuários de drogas na praça, mas, dizem eles, passou a ser mais significativa após as seguidas dispersões realizadas pela polícia.
A praça Júlio Mesquita conta a fonte Monumental, que teve que ser desligada após furtos. Alguns vidros que cercavam o monumento foram quebrados.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Sé, disse que está em andamento a homologação do contrato para prestação do serviço que vai realizar a instalação de estrutura protetiva para a fonte Monumental.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela Guarda Civil Metropolitana, afirmou que realiza o patrulhamento comunitário e preventivo da praça por meio de rondas periódicas, 24 horas por dia.
O autor do flagrante, o empresário Charles Menezes, 40, disse não ser a primeira vez que a prática ocorre na praça, mas que foi a primeira vez que conseguiu filmar um casal mantendo relação sexual ali.
A presença de dependentes químicos na região já foi motivo de protesto de moradores e comerciantes. Eles incendiaram pneus na rua Vitória no dia 1° deste mês a fim de chamar a atenção do poder público. Moradores reclamam do barulho causado pela concentração de dependentes, e os comerciantes, da redução no número de clientes.
Além do uso de crack e das cenas de sexo, moradores se queixam de que os usuários de drogas e os sem-teto usam a praça como banheiro.
"Deplorável a gente estar na maior cidade da América Latina, uma das maiores cidades com potencial turístico, diante de uma situação como essa, onde as pessoas podem se drogar, vender drogas a céu aberto, onde elas podem ter relações sexuais em plena luz do dia", disse Menezes.
Morador do bairro Campos Elíseos há mais de duas décadas, o jornalista José Domingos Filho, 69, classificou a situação atual como calamidade.
Ele, que é um dos membros dos Guardiões da Praça Júlio Mesquita, associação que tem como objetivo zelar pelo local, disse que a insegurança tomou conta desde que o ponto foi cercado, já que as pessoas se escondem atrás das madeiras para praticar crimes.
Segundo ele, comerciantes e moradores se reuniram e estão pagando vigilância particular, com isso, os sem-teto não acampam mais na praça, porém entram na parte cercada para defecar, usar drogas e fazer sexo. "O meu medo é atacarem as crianças enquanto estiverem brincando", acrescentou.
Em nota, a prefeitura disse que, em 21 de setembro, foi publicado no Diário Oficial o nome da empresa responsável pelo andamento da obra, que terá 60 dias para concluir os trabalhos assim que autorizado o início da revitalização.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) acrescentou que a fonte está com tapumes para garantir sua integridade e permanecerá assim até a instalação da estrutura protetiva. Conforme a prefeitura, atualmente, são realizadas três operações de limpeza com lavagem da área de passeio por dia, em toda região central.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a Polícia Civil não localizou registros dos casos mencionados pela reportagem.