Segurança de STF e Congresso nas eleições usará esquema do 7 de Setembro

Por EDUARDO MILITÃO E PAULO ROBERTO NETTO

BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - Os esquemas de segurança do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal) usarão, neste sábado (1º) e domingo (2), meios de prevenção a ataques e invasões semelhantes aos adotados no feriado do Dia da Independência, em 7 de Setembro.

A reportagem apurou que a ideia é não mudar nada do que está previsto, mesmo com disparos de mensagem de texto para celulares em que se anunciava possível invasão dos dois prédios caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) saia derrotado na eleição.

Os prédios do Congresso e do STF serão protegidos com gradis, como em 7 de Setembro, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. No entanto, a Esplanada dos Ministérios continuará aberta, diferentemente do que houve no feriado.

Por segurança, os detalhes do esquema de proteção não serão divulgados, de acordo com as assessorias do Supremo, da Câmara e do Senado.

Mas algumas medidas são conhecidas: reforço no patrulhamento das áreas, aumento do efetivo de sobreaviso e comunicação intensa com outras forças de segurança, como a PM do Distrito Federal, a Polícia Federal e a segurança do próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e o Tribunal Regional Eleitoral do DF não exigirão "lei seca", a proibição da venda de bebidas alcoólicas na véspera e no dia da votação, na capital federal.

"Estamos confiando na responsabilidade dos eleitores", afirmou à reportagem o presidente do TRE-DF, o desembargador Roberval Belinatti. "Baseados no histórico de eleições anteriores, não houve ocorrências relevantes", disse.

Ele afirmou à reportagem, porém, que, se algum eleitor chegar embriagado ou drogado nos arredores do local de votação, será preso.

O Ministério da Justiça criou em Brasília um Centro Integrado de Comando e Controle Nacional. No local, vão trabalhar integrantes de polícias civis, polícias militares, bombeiros, secretarias de Segurança estaduais, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e Ministério da Defesa. O comitê ainda vai trabalhar com centros de controle nos estados.

"Entre os impactos na segurança pública que poderão ser observados durante o pleito, estão possíveis crimes eleitorais (boca de urna, transporte ilegal de eleitores, compras de votos, entre outros), manifestações pacíficas ou violentas, bloqueio de vias, rixas, ameaças e atentados, temporais ou alagamentos e quedas de energias em locais de votação e de apuração dos votos", informou a Polícia Federal em comunicado nesta semana.

Serão utilizados drones para flagrar compras de votos e outros crimes, acrescentou a corporação.

O coronel da reserva da PM de São Paulo Alan Fernandes disse, em artigo publicado num boletim do Fórum Brasileiro de Segurança Pública na última quarta-feira (28), que os policiais terão um trabalho adicional, além do tradicional combate a boca de urna, compra de votos e porte de armas. Trata-se da "crença" em fraudes no processo de votação.

"A simples crença de que o processo é ilegítimo se adiciona à variável de risco citada acima, pois traz em si o risco à tranquilidade dos trabalhos no dia da votação motivados por pessoas e grupos que queiram dar forma, deliberada e artificial, aos seus conteúdos políticos autoritários", afirmou Fernandes.

O coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública da PUC de Minas, Luís Flávio Sapori, defendeu, no mesmo boletim, que os planos de segurança estaduais sejam transparentes e informados à população com antecedência.

Ele avaliou que, apesar dos temores de violência, não há motivos para preocupações.

"Não estamos à beira de um cenário no qual bolsonaristas e petistas se digladiariam nas ruas", afirmou Sapori.

"O risco de violência ao qual nos referimos não chega a tal ponto", continuou ele, no artigo do boletim.

Um integrante do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, em Brasília, afirmou à reportagem que a previsão é de uma eleição pacífica, sem incidentes mais graves dos que normalmente acontecem em todos os pleitos.

Na capital federal, esse centro nacional vai se comunicar com um equivalente brasiliense, de acordo com secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, em nota distribuída à reportagem.

"Todo o processo será monitorado por meio de servidores em campo e câmeras de videomonitoramento, com imagens que serão encaminhadas ao Centro Integrado de Operações", declarou Danilo.