Origem de gás tóxico que matou mulher em Pontal (SP) segue desconhecida

Por DANIELLE CASTRO

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Mais de 40 horas após a dispersão de um gás que matou uma mulher e intoxicou cerca de 95 pessoas em Pontal (a 315 km de SP), a polícia e a prefeitura da cidade de 52 mil habitantes ainda investigam qual substância provocou o incidente e como ela se originou na cidade.

Três pacientes seguem internados em hospitais de Ribeirão Preto e de Sertãozinho, na região, segundo João Henrique Dias Pedro, vice-prefeito de Pontal e interventor da Santa Casa da cidade.

Chamada de "névoa visível" pela Cetesb (companhia ambiental do estado), a substância alcançou um perímetro de cerca de 100 metros quadrados na noite de terça (4), tendo se dissipado após uma hora. Moradores sentiram falta de ar, ardência na garganta, dor no peito, mal-estar e vômito.

Segundo o órgão, o entorno do bairro de origem, Campos Elíseos, "é constituído basicamente por casas e oficinas de indústrias". Em busca de indícios de problemas ou situações que pudessem ter gerado a emissão dos gases, quatro empresas e um depósito de produtos químicos de uma delas foram revistados, mas nada foi encontrado.

A Polícia Civil também descartou a hipótese de que um caminhão que passou pela região tenha sido a origem do gás. A procura pelo veículo começou depois que moradores relataram no final da tarde de quarta (5) terem ouvido um barulho forte antes de a nuvem tóxica se espalhar.

O caminhão foi visto circulando na estrada vicinal ao bairro. O motorista foi identificado por meio de câmeras de segurança e ouvido na manhã desta quinta (6). "Ele passou mal, estava fazendo um carregamento de peças e sentiu um forte cheiro vindo do esgoto e foi embora com o caminhão", declarou o delegado responsável pelo caso, Igor Dorsa.

A suspeita inicial levantada, a de produção clandestina de produtos químicos por moradores, já havia sido descartada na quarta após perícia da polícia em todo o bairro.

Os investigadores aguardam agora os laudos especiais do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal para esclarecer a morte da trabalhadora rural Alessandra Alves da Silva, 38. Ela cozinhava em casa quando passou mal e, segundo a prefeitura, já chegou ao hospital sem vida.

"A partir da identificação da substância vamos fazer o rastreamento aqui na cidade de Pontal de quem teria trabalhado com ela no dia", explica o delegado. O resultado deve sair de 30 a 40 dias.

Em nota, a Cetesb informou que toda a rede de drenagem de águas pluviais foi verificada. A agência ambiental disse ainda ter sondado "cinco poços de visitas de esgoto e estenderam as vistorias até a estação elevatória de esgoto do município, num raio de até 400 metros do centro dos acontecimentos, porém nada encontrando de suspeito".

As vistorias na cidade também envolveram técnicos da Agência Ambiental de Franca e Ribeirão Preto, na região de Pontal, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e órgão de meio ambiente municipal, além da polícia.

Nesta quinta, as aulas e serviços públicos de Pontal que haviam sido suspensos foram retomados. Famílias que haviam sido desalojadas por segurança e estavam acomodadas em um ginásio esportivo também já voltaram para as suas casas.