Polícia pede medida protetiva para criança espancada por padrasto em SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de São Paulo solicitou à Justiça medidas protetivas para o menino de 7 anos flagrado por câmeras de monitoramento sendo agredido pelo padrasto em um condomínio em Moema, bairro nobre da zona sul da capital. As agressões ocorreram há cerca de um mês.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o pedido foi apresentado pela delegada Maria Corsato, responsável pela investigação, e está em análise pelo Poder Judiciário. A pasta, porém, não deu detalhes de quais medidas foram solicitadas e qual seria o destino da criança, já que há também uma medida protetiva em vigor contra o pai do menino.
Procurado, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) informou que o processo corre sob segredo de Justiça e, por isso, não é possível repassar informações sobre ele.
O pedido da polícia se soma a outro semelhante, apresentado no sábado (5) pelo Ministério Público.
As promotoras Karina Mori e Vanessa Therezinha pediram que o padrasto se afaste da convivência com o menino, mantendo ao menos 300 metros de distância da criança.
Câmeras do circuito de monitoramento do edifício em que o menino mora com a mãe e o padrasto flagraram o momento em que o homem o arrasta da brinquedoteca até uma área comum do edifício. É possível notar que a criança é puxada pelo cabelo e agarrada pelo pescoço.
Naquele dia, segundo a polícia, o padrasto havia sido chamado ao recinto por outras pessoas que ali estavam, após o menino supostamente atirar pedras contra os presentes. Em depoimento, uma testemunha contou que o garoto estava acompanhado por uma babá que não fala português, mas que queria deixar o local a contragosto da criança, que teria ficado nervosa e passado a desobedecer as pessoas.
Foi então que o padrasto chegou à brinquedoteca e agrediu o menino.
As imagens da agressão foram compartilhadas pelo pai da criança, um oficial da reserva da Polícia Militar. Indignado, ele criou um perfil em uma rede social para falar do assunto.
O caso está em apuração pelo 27° DP (Campo Belo), sob os cuidados da delegada Maria Corsato. Procurada, a delegada informou que o caso requer discrição e delicadeza para preservar a criança e que, por isso, ela não iria se pronunciar.
A reportagem apurou que a delegada quer uma escuta especial da criança, uma oitiva feita por profissionais especializados, sem provocar mais danos à vítima. A delegada também tem ouvido testemunhas das agressões, que não teriam ocorrido apenas uma vez dentro do condomínio.
Em depoimento ao qual a reportagem teve acesso, uma babá de outra criança relatou à polícia ter visto o padrasto desferir três socos na cabeça do menino, em outra ocasião. A ação ocorreu enquanto a testemunha participava de um piquenique.
Conforme relata, o menino teria descido de seu apartamento sem avisar a responsável pelos cuidados dele naquele dia. A mulher não soube informar com exatidão a data do episódio, mas disse que o fato teria ocorrido no final de agosto.
A testemunha detalhou ter visto o homem pegar a criança pelo pescoço, na parte da nuca. Os socos, conforme detalha a mulher, foram realizados na parte de trás da cabeça.
A testemunha chegou relatar à delegada conversa que teve com a babá da criança, após assistir a uma das agressões. "Se ele faz isso aqui embaixo, imagina o que ele faz com o menino lá em cima, deve espancar," disse ela em um trecho do depoimento gravado e obtido pela Folha. Na sequência, a mulher explica que a funcionária respondeu não ter presenciado agressões dentro do imóvel.
Através do perfil em que denuncia as agressões, o pai do menino contou ter visto o filho apenas uma vez nos últimos cinco meses. Ele relatou que a mãe do menino o impede de ter contato com o filho.
A mulher possui atualmente uma medida protetiva contra o ex-companheiro. A SSP confirmou que a medida segue em vigor.
O padrasto do menino se pronunciou em uma rede social. No último dia 5, ele escreveu que imagens foram tiradas de contexto e disse que o enteado jogava pedras nas pessoas pois estava nervoso após voltar da casa do pai. E escreveu que em breve o verdadeiro o vilão seria conhecido.
Procurado, o advogado do pai do menino, Guilherme San Juan, disse que não vai ser manifestar sobre o assunto por envolver um caso sob segredo de Justiça.
O padrasto do menino foi procurado por meio de suas redes sociais, mas não havia se pronunciado até a publicação deste texto. A reportagem não localizou a defesa do homem.