Júri de suspeitos de matar e carbonizar família no ABC é adiado pela 4ª vez

Por ALFREDO HENRIQUE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Foi adiado pela quarta vez o júri popular dos suspeitos de envolvimento na morte de uma família encontrada carbonizada dentro do porta-malas de um carro, em janeiro de 2020, na região do ABC.

Marcado para começar às 10h desta segunda-feira (21), o julgamento foi adiado devido às ausências de ao menos quatro testemunhas e de um advogado de defesa.

O júri estava agendado para 13 de junho deste ano, mas foi adiado, da mesma forma que já tinha ocorrido em 21 de fevereiro. Depois, a Justiça desmembrou os julgamentos para 19 de setembro e 21 de novembro, mas o de setembro foi novamente transferido para esta segunda-feira. Ele ocorreria no Fórum de Santo André, no ABC, em todas as ocasiões.

Anaflávia Martins Gonçalves, filha e irmã das vítimas, sua namorada, Carina Ramos de Abreu, os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, primos de Carina, além de Guilherme Ramos da Silva, aguardam presos o desenrolar do processo.

Os cinco são acusados pelo Ministério Público de matar e carbonizar os corpos de Romuyuki Gonçalves, 43, de sua mulher, Flaviana Gonçalves, 40, e do filho Juan Gonçalves, 15.

Os corpos das vítimas foram encontrados no carro da família, um Jeep Compass, no limite entre São Bernardo e Santo André, no ABC, na madrugada de 28 de janeiro de 2020. Anaflávia e Carina foram presas no dia seguinte, e os outros suspeitos, dias depois.

Leonardo José Gomes, que defende Anaflavia e Guilherme Ramos da Silva, afirmou na manhã desta segunda que sua cliente não seria julgada por causa da ausência de um atestado de insanidade, não concluído. "Ela não pode nem ir a julgamento. A não ser que eu abrisse mão desse exame, o que não ocorrerá", disse.

Ele acrescentou, após o adiamento do júri, que somente Guilherme seria julgado nesta segunda. "Por isso, solicitei, da mesma forma que a Promotoria, que a data fosse remarcada, o que foi feito pelo juiz."

Sobre Guilherme, ele afirmou estar confiante em provar que seu cliente estava ciente somente do roubo. "Temos testemunhas que comprovam isso e provas nos autos."

O defensor de Carina, Fabio Costa, afirmou à Folha, por volta das 11h, que sua cliente não seria julgada pelo fato de ele ter ficado hospitalizado devido a um problema na coluna, do qual ainda se recupera.

Da mesma forma que a defesa dos outros réus, ele afirmou que Carina confessa ter arquitetado o roubo, mas nega os homicídios.

Alessandra Martins Gonçalves Jirardi, que defende Juliano e Jonathan, afirmou esperar que os jurados atribuam a responsabilidade, a cada um dos réus, "na medida da culpabilidade de cada um, analisada individualmente".

"Os irmãos alegam que se uniram para cometer crime patrimonial e não crime contra a vida. As mortes foram arquitetadas e executadas por Anaflávia e Carina e é isso que pretendemos demonstrar para os jurados", afirmou, na manhã desta segunda.

A defesa das namoradas era feita pelo advogado Sebastião Siqueira. Ele afirmou, também nesta segunda, que "fatos novos" o fizeram abandonar o caso.

Quando as defendia, ele afirmava que ambas disseram ter participado do planejamento de um assalto, o qual precedeu o triplo assassinato, mas foram pegas de surpresa com a violência.

A motivação para o crime seria o fato de o bando não ter encontrado dinheiro na casa das vítimas, segundo investigação da Polícia Civil.

Segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), os réus são denunciados por triplo homicídio qualificado -por motivo fútil, emprego de meio cruel e uso de recurso de dificultou a defesa das vítimas-, ocultação de cadáver, roubo e formação de quadrilha.

O crime Romuyuki e Flaviana Gonçalves, além do filho do casal, Juan Victor, foram rendidos na noite do dia 27 de janeiro de 2020 em casa, em um condomínio de Santo André. Seus corpos foram encontrados no porta-malas do carro em chamas da família, um Jeep Compass, na madruga seguinte, na estrada do Montanhão, em São Bernardo.

A casa foi encontrada toda revirada pela polícia. A perícia achou na ocasião marcas de sangue, inclusive nas calças de Anaflávia, que havia sido lavada.

A filha do casal foi presa, juntamente com a namorada, um dia após o encontro dos corpos. Os demais suspeitos foram detidos posteriormente, conforme as investigações evoluíram.