Sírio-Libanês lança marca destinada a dados e tecnologia
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hospital Sírio-Libanês lança, nesta quarta-feira (30), uma marca que, em linhas gerais, centralizará ações de tecnologia, dados e inovação digital relacionadas à saúde. Trata-se do Alma Sírio-Libanês.
Segundo representantes do hospital, a iniciativa pode ser um local para auxiliar a pensar o futuro da saúde -que passa pelo universo digital- e para ajudar a organização a ir além do atendimento hospitalar, com olhos para a medicina preventiva.
A ideia é que o novo braço de operação do tradicional hospital tenha uma pegada mais próxima à de startups. Com isso, espera-se, por exemplo, mais agilidade de processos e atração de talentos para além da área médica, como cientistas de dados e estatísticos.
"Se você for discutir a saúde do futuro, talvez um hospital não seja a melhor instituição para discutir", diz Christian Tudesco, diretor de marketing do Sírio-Libanês. "Enxergamos que os projetos via Alma vão ampliar os pontos de contato do Sírio junto à população brasileira."
A Alma funcionará em um prédio fora do hospital, mas em frente a uma das entradas do local, na região da Bela Vista, em São Paulo, mantendo ao mesmo tempo um certo nível de separação e de conexão. Na mesma linha, também há uma identidade visual própria para a iniciativa.
"Como já temos o reconhecimento, precisamos derivar isso na marca Alma para trazer uma pegada mais moderna, ousada e inquieta, que conecta os produtos digitais com a juventude", afirma Ailton Brandão, diretor de inovação do Sírio.
O hospital investirá na Alma cerca de R$ 200 milhões até 2030. Apesar do lançamento nesta quarta, a iniciativa já está em operação.
Na prática, com dados, a Alma pretende ajudar a mudar ou agilizar alguns processos. A ideia é que parte disso seja possível com a incubação de startups pelo Sírio, que se tornará sócio das empresas.
E a primeira incubação já ocorreu com a startup Sofya, em atividade com o Sírio há oito meses. Segundo Diego Aristides, diretor de TI do Sírio-Libanês, a ideia de Sofya é reduzir o esforço necessário para a anamnese (entrevista médica) e preenchimento de prontuários. Resumindo: diminuir a burocracia médica.
Para isso, diz Aristides, a aplicação desenvolvida faz conversão de voz para texto e, com os dados disponibilizados sobre a pessoa, usa inteligência artificial para apontar possíveis questões relacionadas a um paciente, como riscos de queda e horários de medicações.
"O profissional gasta mais tempo cuidando do paciente e não imputando dados", diz Aristides.
Segundo os representantes do Sírio, um dos pontos importantes relacionados à Alma é a possibilidade de desenvolvimento com participação do corpo clínico do hospital.
Mesmo com o desenvolvimento de tecnologia em um braço do Sírio, a ideia é que as possíveis inovações criadas sejam disponibilizadas para outros atores do mercado -algo que já acontece com a Sofya, por exemplo, dizem os representantes.
Tudo isso leva a uma ideia de hospital com uma operação pautada em dados. Há a possibilidade, por exemplo, de cada vez mais usar dados comportamentais, como aquelas informações aparentemente simples captadas em smartwatches. Ou, algo mais simples ainda, observar gargalos de atuação do dia a dia dentro do próprio hospital, como áreas com equipes ociosas ou muitas filas.
Em meio ao avanço digital da medicina, os representantes do Sírio também destacam a presença de áreas relacionadas à cibersegurança na Alma, considerando que a iniciativa lidará com dados potencialmente sensíveis de pacientes.
Os ataques cibernéticos a entidades de saúde já são uma realidade. Tais ofensivas podem chegar até mesmo a parar hospitais e, consequentemente, impedir atendimentos e pôr em risco a vida de pessoas.