Ruas da zona oeste de São Paulo estão alagadas há 20 dias, relatam moradores

Por FRANCISCO LIMA NETO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Duas ruas do bairro Água Branca, na zona oeste da capital paulista, ficam alagadas mesmo quando não há chuva. De acordo com trabalhadores e moradores da região, as vias estão tomadas pela água há pelo menos 20 dias e o problema seria recorrente.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras e da Subprefeitura Lapa, disse que foi identificada uma obstrução na rede de drenagem ocasionada por uma obra em andamento da linha 6-laranja do metrô, de responsabilidade da concessionária Acciona, impedindo o escoamento da água acumulada no local.

"A companhia foi notificada pela Subprefeitura para que tome as providências necessárias para a desobstrução da rede de drenagem", afirmou.

A concessionária responsável pela obra, no entanto, disse não ser responsável pela situação.

"Não temos evidências de que as obras da linha 6-laranja de metrô de São Paulo contribuam para os alagamentos provocados pelas recentes chuvas registradas na região. Informamos também que as escavações da Estação Santa Marina, em Água Branca, já foram concluídas. Além disso, no local, historicamente, acontecem inundações em períodos de altos índices pluviométricos", afirmou via assessoria de imprensa.

A Subprefeitura Lapa disse que flagrou nesta sexta (9) outra situação que pode ter contribuído para o alagamento. "Betoneiras usadas na construção dos prédios lavam os veículos na via. O resto de concreto acumulado pode ter participação na obstrução da passagem da água", declarou.

Toda a rua Carlos Spera está alagada até a esquina com a Atanásio da Mota. O alagamento também atinge boa parte da rua Vladimir Herzog, tomando um quarteirão no entorno de uma obra de construção de um condomínio residencial.

Trabalhadores e moradores da região dizem que o problema é antigo.

O empresário Leonardo Penacino mora praticamente em frente ao trecho e diz que, independente da intensidade, toda vez que chove as vias ficam submersas.

"Isso acontece desde que eu vim morar aqui, há três anos. Sem chuva demora vários dias para escoar essa água, e se chover daqui uns três dias, por exemplo, essa água que já está aí não vai escoar. Vai continuar alagado", conta.

Ele diz ter visto caminhão verificando possíveis entupimentos apenas um dia desta semana.

"Um grupo de moradores aqui do meu prédio está fazendo uma mobilização para chamar a prefeitura para ver isso porque já faz um tempo. A gente achou que com essa obra dos prédios novos aqui na frente, eles iam mexer, mas não vi nenhuma mudança", diz Penacino.

"Essas ruas são importantes porque dão acesso à entrada e à saída do bairro. Quando ficam alagadas atrapalha demais", relata o empresário.

Leandro Alves Siqueira, almoxarife, também relata falta de intervenções no local.

"Já faz uns 20 dias que está tudo alagado. Estava normal, mas conforme começou a chover todo dia, a água não escoou e mesmo sem chuva continua assim. Devem ser as bocas de lobo entupidas. Não vi ninguém trabalhando nisso. Na hora do almoço a gente fica sentado aqui fora e não vê ninguém trabalhando", relata.

Silvio Mendes, que também trabalha na região, reclama de descaso.

"A situação é sempre essa. Isso é um descaso, está abandonado. Queria que dessem um jeito porque é um perigo de ter dengue. Atrapalha muito o trânsito. Quando passam os caminhões faz aquela onda e traz tudo para cá e junto vem aquele mau cheiro. Não está fácil", lamenta.

A reportagem flagrou vários motoristas e motociclistas parando e dando volta no quarteirão ao perceberem as vias alagadas. Alguns veículos mais altos conseguem atravessar os alagamentos, mas a maioria dos condutores desiste. Nesses pontos os pedestres não têm condições de atravessar.

A gestão municipal disse que uma força-tarefa foi formada entre a Subprefeitura e a SMSUB para identificar a obstrução e realizar o escoamento da água acumulada, com a utilização de equipamento de drenagem, bombas e caminhões mais potentes.

"Vale ressaltar que, com as chuvas dos últimos dias, todas as equipes de limpeza, remoção e zeladoria atuam com os serviços necessários em toda a cidade, a fim de diminuir os transtornos causados", afirmou.