Governo ameaça fechar corredor aéreo para saída de garimpeiros
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que irá conversar na próxima semana com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para definir se fecha novamente o espaço aéreo da Terra Indígena Yanomami.
A FAB (Força Aérea Brasileira) prorrogou até 6 de maio a abertura parcial do espaço aéreo sobre o território, em Roraima, para a saída voluntária de garimpeiros.
Dino explicou que, com o prazo alongado, a hipótese da Polícia Federal é que isso levou à redução do ritmo de saída dos garimpeiros.
"[Queremos um debate] para ver se esse alargamento trouxe lentidão para a saída do território. Nós queremos que a janela que foi aberta sirva para agilizar essa retirada, não para retardar a saída [dos garimpeiros]", disse o ministro em entrevista coletiva nesta quinta (16).
"Provavelmente na quinta ou na sexta [23 ou 24] vamos ter uma decisão se a janela fica aberta e até quando ou se será imediatamente fechada. É claro que até a próxima semana estará aberta, conforme a decisão anunciada [recentemente]", completou.
Inicialmente, o prazo para saída voluntária de garimpeiros seria encerrado no último dia 13, mas acabou estendido até maio.
"Os três corredores humanitários de voo foram abertos no dia 6 de fevereiro com o intuito de possibilitar a saída coordenada e espontânea das pessoas não indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo", diz nota do Comando Operacional Conjunto Amazônia.
Como mostrou a Folha de S.Paulo no último sábado (11), equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) detectaram um fluxo de embarcações de garimpeiros com combustível e mantimentos entrando na terra yanomami, um indicativo da continuidade da atividade de exploração de ouro e cassiterita na região, apesar das ações para o desmonte do garimpo.
Além disso, agentes do órgão ambiental federal constataram a disposição de grupos de invasores armados à resistência e ao enfrentamento a forças policiais que passaram a operar para a destruição de aeronaves e maquinários e para a retirada dos garimpeiros.