Sebrae identifica falta de mão de obra no setor de TI do Rio
Pesquisa realizada pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) identificou desafios enfrentados pelas empresas do setor de tecnologia da informação (TI) no território fluminense. O analista da Coordenação de Empresas de Base Tecnológica do Sebrae-RJ, André Santana, disse hoje (17) à Agência Brasil que os principais desafios apontados por 61% dos empresários foram a questão de mão de obra qualificada. Segundo ele, esse “é um desafio mundial do setor de tecnologia em geral”, além do acesso a capital para investimento e do planejamento a longo prazo.
O mapeamento também mostra um predomínio do sexo masculino na força de trabalho do setor de TI no estado: 91% da mão de obra são homens, o que reflete o cenário do setor no Brasil e no mundo. “Esse é um desafio geral do setor. É muito mais masculino”, concluiu Santana. Ele acrescentou, entretanto, já existirem iniciativas para buscar a diversidade de gênero entre os trabalhadores no setor. Uma delas é a capacitação de mão de obra feminina.
O levantamento foi divulgado esta semana e teve por objetivo conhecer o público do setor de TI, visando, inclusive, a realização de ações futuras do Sebrae RJ. Cerca de 300 empresários de todas as regiões do estado participaram da sondagem, realizada de julho a dezembro do ano passado. A pesquisa contou com empresas que atuam no desenvolvimento e distribuição de programas de computador – softwares – e serviços ou suporte técnico em tecnologia.
Modelos de negócio
Santana informou que o principal gargalo dentro das empresas está na área de marketing e gestão comercial: 50% das empresas pretendem reestruturar os seus modelos de negócio. “São os pontos que eles precisam mais aperfeiçoar”. Um dado relevante na visão do Sebrae é que 64% dos consultados disseram não ter hoje um modelo de negócios definido ou precisam reestruturá-lo. “Ou seja, eles precisam rever a sua forma de atuação”, apontou Santana.
Na avaliação do analista do Sebrae RJ, as empresas de TI ainda demonstram amadorismo no que diz respeito às eficiências gerenciais. “Não é só olhar para o marketing e para as vendas. Tem que olhar para a gestão como um todo, aperfeiçoar a gestão financeira, de pessoas, para poder crescer”.
Ele explicou terem sido identificados, basicamente, dois perfis de empresas no setor. O primeiro envolve empresas mais estruturadas, mais maduras a nível gerencial, mas que ainda mostram problemas de marketing e gestão de vendas. A principal necessidade delas é o desenvolvimento de estratégias de marketing e comercial para ganho de mercado.
O segundo perfil é composto por empresas que, apesar de já estabelecidas no mercado, ainda precisam aperfeiçoar sua gestão empresarial, redefinir seus modelos de negócios e melhorar sua gestão financeira, gestão de processos, entre outros temas pertinentes à gestão.
Grande parte do público que respondeu à pesquisa tem grau de instrução elevado. Oitenta e sete por cento possuem ensino superior ou grau maior de escolaridade. O estudo também mostra, em um dado trazido pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), que o estado do Rio de Janeiro é, atualmente, o segundo em participação de mercado interno em solução de software e serviços de TI, perdendo apenas para São Paulo.
Organização
De acordo com Santana, o mapeamento revelou que 76% dos empresários de TI não participam de associações, sindicatos ou coletivos de empresas. “Isso é ruim para a organização setorial porque eles não conseguem ser vistos. Não estão organizados”.
Os entrevistados se queixaram que há muita burocracia no ambiente de negócios no estado do Rio de Janeiro. Em contrapartida, foi constatado que faltam iniciativas de boa parte dos empresários para uma maior organização entre eles. Isso é considerado importante para que possam ter voz para conversar com o Poder Público.
Segundo ele, organizar o setor e ter uma governança forte é um dos principais passos para que o ambiente de negócios possa melhorar. “Porque não adianta nada só o Poder Público agir, ter iniciativas do Sebrae ou de outras instituições se o próprio colegiado dos empresários não está organizado”.