Em meio aos furtos de celular, foliões usam estratégias para driblar ladrões
RIO DE JANEIRO, RJ, SALVADOR, BA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio aos inúmeros casos de roubo e furto de celular durante os blocos de Carnaval, foliões de todo país têm se virado para tentar enganar os ladrões e não perder o aparelho.
No Rio de Janeiro, mulheres passaram colocar o celular na doleira, que fica por baixo do "body", e a pochete por cima com os objetos mais supérfluos. "Um creme e chiclete para poder beijar na boca", enumera a analista financeira Larissa Almeida, 27.
"Nunca fui roubada. A pochete por cima é uma forma de enganar o ladrão", diz, enquanto distribui lacres de plástico aos amigos para impedir o bandido de soltar a pochete.
A gerente de processos Amanda Soares, 30, não teve a mesma sorte. Passou a ser mais cuidadosa depois que foi furtada no Rock in Rio. Enrolou uma corrente "de uma bolsa velha" envolta tá cintura para impedir a abertura indesejada da bolsinha, e outra ligando esta ao celular. "Fiquei bem roqueira", brinca ela, toda de preto.
"Um cara ontem olhou direto pra minha pochete. Eu senti ele puxar, olhei bem dentro do olho dele e falei: 'Tá maluco, irmão?'. Aí ele saiu assustado", se diverte.
Em Salvador, o uso de doleira é quase uma regra. Vendedores ambulantes ofereciam o produto, de olho em quem saiu de casa despreparado e se deu conta já no meio do bloco.
A reportagem flagrou também foliões em SP que, por medo de roubo, não levaram cartão ou dinheiro, só celular, apostando em pagar tudo com o Pix.
O furto de celular é uma das maiores preocupações para quem quer cair na folia. E não é para menos. Na zona sul de São Paulo, 46 celulares foram recuperados após ação de uma quadrilha de estrangeiros durante a passagem do bloco Agrada Gregos, no entorno do parque Ibirapuera, neste sábado (18).
De acordo com a Polícia Civil, 12 pessoas foram presas e uma adolescente apreendida por suspeita de integrar a quadrilha formada, em sua maioria, por estrangeiros, vindos da Argentina, Colômbia e Peru.
Na Bahia, a cantora Ivete Sangalo surpreendeu o público de seu bloco também neste sábado, após prometer um novo celular para um dos foliões que teve o aparelho roubado durante a apresentação.
''Não vale a pena você se expor. O celular não vale nada. Deixa levar, depois esse cara faz um mal a você, esqueça isso", disse ela. Além de prometer um novo celular à vítima, a cantora convidou o folião para curtir o resto do bloco em cima do trio elétrico.
Quem também interrompeu algumas vezes a apresentação em seu bloco, em São Paulo, neste domingo, foi o cantor Tiago Abravanel. Ele chamou atenção para possíveis furtos que estavam acontecendo.
"Vai trabalhar. A situação do país é difícil, mas as pessoas conseguem. Se você quiser fazer o mal, aqui não é o seu lugar", disse ele pouco antes de terminar seu bloco.
No sábado, o Bloco das Gloriosas, de Glória Groove, foi interrompido uma hora e meia antes do fim devido à falta de segurança.
O cenário de furtos e assaltos também assustou os foliões que buscavam curtir os blocos na noite de sábado na praça Quinze, no centro do Rio de Janeiro. A reportagem observou que apenas três policiais faziam a segurança do local.
Em certo momento, jovens gritavam "ladrão!" para um grupo de adolescentes que corriam pela rua Primeiro de Março. No meio do tumulto, próximo ao Paço Imperial, uma motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, disse que teve seu celular roubado por um garoto que se jogou rapidamente para dentro da janela do carro enquanto ela esperava para começar uma corrida.
A Polícia Militar informou, em nota, que atua com 14 mil policiais nas ruas diariamente, num efetivo que representa 15% a mais do que o do último Carnaval antes da pandemia. E que o policiamento estará mobilizado até o próximo domingo (26) para atuar junto aos blocos e nas áreas restritas aos desfiles de escolas de samba.
Ainda segundo a corporação, somente neste sábado foram apreendidos 121 objetos cortantes e armas brancas durante a apresentação do Cordão da Bola Preta, no centro.
O esquema de segurança na cidade é composto de 24 pontos de bloqueio e revista com o uso de detectores de metais, cinco torres de observação e reforço no policiamento nas saídas das estações das barcas e do metrô.
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