De búfalos a santa escrava: último dia de desfiles do Grupo Especial do Rio
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Nesta segunda-feira (20), seis escolas fecham os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, na Sapucaí. Os enredos prometem levar diferentes temáticas sobre o Nordeste, o centenário da Portela e a história de Rosa Maria Egipcíaca, escravizada no Brasil e primeira mulher negra a escrever um livro no país. Haverá também apelos políticos nos desfiles da Beija-Flor de Nilópolis e da Imperatriz Leopoldinense.
Os desfiles têm início às 22h, com a Paraíso do Tuiuti, penúltima colocada em 2022, com o enredo "Mogangueiro da cara preta", que conta a origem dos búfalos da Ilha de Marajó. Rosa Magalhães, campeã do Grupo Especial por sete vezes, assina o desfile ao lado de João Vitor Araújo.
A cantora Fafá de Belém e o artista popular marajoara Mestre Damasceno são presenças aguardadas para o desfile.
O carro abre-alas do Tuiuti representa a religião hinduísta, em que deuses possuem formas de animais. Os componentes da alegoria --dançarinas, nobres e deuses terão movimentos coreografados, representando estátuas.
Carolina Melo, 33, participa da composição do abre-alas. "Sou a única carioca da família, que é toda do Marajó. Esse enredo mexeu demais comigo", disse.
Paulo Paiva, outra composição do abre-alas, também desfila pela primeira vez no Tuiuti. "Moro há seis anos na Holanda e vim para desfilar. No Brasil, eu conhecia o Carnaval, mas não tinha acesso".
A segunda escola a desfilar é a Portela, com entrada prevista entre 23h e 23h10. A escola pretende festejar o seu centenário com um enredo autobiográfico. A maior expectativa da azul e branco é a tradicional águia, marca registrada em seus desfiles, seja na comissão de frente ou no carro abre-alas. A escola detém o maior número de títulos da elite do Carnaval fluminense, com 22 campeonatos.
Para contar a história, a escola chamou para desfilar ex-rainhas de bateria, como Sheron Menezes, Adriane Galisteu e Luísa Brunet. A atual rainha é Bianca Monteiro, que está no posto desde 2017.
Festas religiosas serão levadas para a avenida com a Unidos de Vila Isabel, do carnavalesco Paulo Barros com o enredo "Nessa Festa eu Levo Fé". Terceira escola a desfilar terá Sabrina Sato como rainha de bateria.
Cordéis sobre Lampião dão a temática do desfile da Imperatriz Leopoldinense, escola que é conhecida pela qualidade técnica de suas festas. O enredo "O Aperreio do Cabra que o Excomungado Tratou com Má-querença e o Santíssimo não deu Guarida" tem como carnavalesco Leandro Vieira que promete ter um apelo político.
Uma provocação sobre a data da independência do Brasil ficará por conta da Beija-Flor de Nilópolis, quinta escola a desfilar, e que busca o 15? campeonato. O enredo "Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência" é assinado por Alexandre Louzada e André Rodrigues, e traz outra perspectiva da Independência.
O ano de 2023 marca o bicentenário da Independência na Bahia, data comemorada em 2 de julho. Há 200 anos, o movimento terminou com a inserção da então província na unidade brasileira, consolidando a Independência do Brasil. Lorena Raíssa, de apenas 15 anos, estreia como rainha de bateria da escola.
Já a Unidos da Viradouro fecha o Carnaval das escolas de samba com enredo sobre Rosa Maria Egipcíaca. Escravizada no Brasil e considerada santa, ela foi a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil.
Considerada bruxa pela igreja católica, mas aclamada pelo povo como santa, ela terá sua história e obra contadas na avenida pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.