Justiça decreta prisão preventiva de chefes de torcidas no Rio

Por ALÉXIA SOUSA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou nesta segunda-feira (13) a prisão temporária, por 30 dias, de quatro chefes de torcidas organizadas dos times cariocas Flamengo, Vasco e Fluminense.

Anderson Azevedo Dias, presidente da Young Flu, Fabiano de Souza Marques, da Força Jovem do Vasco, Bruno da Silva Paulino, da Torcida Jovem do Flamengo, e Anderson Clemente da Silva, presidente da Raça Rubro-Negra, vão responder por organização criminosa, lesão corporal grave e tentativa de homicídio.

A Polícia Civil não soube informar o nome dos advogados dos suspeitos. A reportagem não conseguiu localizar a defesa deles.

O pedido da prisão foi feito pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que apura os recentes episódios de violência antes de clássicos como o do Flamengo e Vasco, no último dia 5. Um homem morreu e pelo menos sete ficaram gravemente feridos.

O inquérito foi instaurado para identificar os possíveis envolvidos nas brigas entre as organizadas do time rubro-negro e do cruz-maltino. De acordo com a DRCI, já foram identificadas e intimadas mais de cem pessoas suspeitas de envolvimento nas confusões.

Na decisão, que saiu no Plantão do Judiciário desta segunda, a juíza Ana Beatriz Estrella afirmou que a prisão é "imprescindível para as investigações criminais e para a garantia da ordem pública". Ela ressaltou que os episódios resultaram em destruição de bens públicos e particulares, lesões corporais graves e mortes.

"A gravidade dos crimes praticados, os bens jurídicos violados e o desvalor das condutas supostamente perpetradas pelos indiciados conduzem à adoção de enérgicas providências por parte do Poder Judiciário, devendo ser ressaltado que a liberdade dos representados pode obstaculizar a colheita de provas e, ainda, colocar em risco a vida ou a integridade física das testemunhas", escreveu a juíza.

O decreto de prisão temporária ocorre após uma reunião, na sexta (10), no Palácio Guanabara, quando foram definidas medidas contra violência entre torcedores. Entre elas, a de que os envolvidos em atos de violência fossem enquadrados no crime de organização criminosa.

O Ministério Público foi contra o pedido de prisão e pediu o indeferimento com o argumento de serem frágeis as provas contra os quatro torcedores.

Após os episódios de violência no último clássico entre Flamengo e Vasco, as organizadas Raça Rubro-Negra, a Jovem Fla, a Força Jovem do Vasco e a Young Flu foram proibidas de frequentar eventos esportivos por 90 dias. Agora, o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos aumentou o prazo por cinco anos.

Em sua decisão, o juiz Bruno Vaccari Manfrenatti também autorizou ações de busca e apreensão e a indisponibilidade de bens das torcidas.

Além disso, o magistrado determinou que outros 16 integrantes das torcidas organizadas se mantenham afastados dos estádios em dias de jogos por seis meses. Eles deverão ser monitorados por tornozeleiras eletrônicas, para que seja garantido que fiquem no mínimo a cinco quilômetros dos locais das partidas. Também não poderão deixar o estado do Rio de Janeiro sem autorização judicial e precisarão se apresentar a Justiça a cada dois meses.