Racismo contra professora gera protesto de deputados no DF, que cobram secretaria

Por ISABELLA MENON

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um ato racista de um aluno contra uma professora gerou protestos nesta terça-feira (14) na Câmara Legislativa do Distrito Federal. A reação ocorre uma semana após um aluno do (CEM) Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia entregar a uma professora negra uma esponja de aço.

Na cena filmada, colegas de classe dão risada da atitude do colega e do momento em que a professora, constrangida, abre o suposto presente.

A Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Fábio Felix, questionou a Secretaria de Educação do Distrito Federal acerca de quais medidas estão sendo tomadas para evitar que o episódio se repita. O grupo também indaga a pasta se o currículo da escola continha a disciplina História e Cultura Afro-Brasileira.

Nesta terça-feira (14), o episódio foi repudiado por deputados na Câmara Legislativa do DF.

A deputada Doutora Jane (Agir) afirma que se trata de um desrespeito à mulher negra e professora. "Racismo não é brincadeira, racismo é crime. No caso daquele jovem, é um ato infracional análogo ao crime de racismo."

Jane disse ainda que pedirá que a Polícia Civil investigue o caso.

O deputado Joaquim Roriz Neto (PL) disse que a situação é inadmissível. "Temos que combater todo tipo de racismo. Precisamos entender que esse racismo estrutural leva à violência contra a mulher."

Para o deputado Gabriel Magno (PT), "a ignorância parece que tomou conta de uma parcela da sociedade". "As pessoas dizem que é só uma brincadeira, não vimos nenhuma solidariedade naquele vídeo."

Em nota também publicada nesta terça, o Sinpro-DF (Sindicato de Professores do Distrito Federal) repudiou o episódio e disse que o estudante cometeu duas "atrocidades dissimuladas em brincadeira".

"É importante destacar que brincadeiras e piadas só são divertimento quando todo mundo sorri e se diverte. Brincadeiras não geram constrangimento, dores, humilhações nas pessoas", declarou o sindicato, que afirmou que o fato de a escola ter pedido ao aluno que escrevesse uma carta e lesse em público não é suficiente.

"Isso não é suficiente para reparar a profundidade e a extensão do constrangimento, do sofrimento e da dor que marcou não só a professora, mas também todos (as) que viveram a cena e sentiram o peso do racismo estrutural e do ódio às mulheres", disse o sindicato que atribui como responsabilidade do governo do Distrito Federal o episódio.