Governo Tarcísio adia entrega de centro para usuários de drogas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O centro de triagem para dependentes químicos anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) há cerca de dois meses está com as obras atrasadas. As 500 câmeras com inteligência artificial prometidas na mesma ocasião ainda não foram instaladas nas ruas onde há aglomeração de usuários.
As duas medidas foram anunciadas pelo governador no fim de janeiro como emergenciais dentro de um pacote de iniciativas para a cracolândia e com previsão de entrega até o fim deste mês.
De acordo com a gestão, as obras estão em andamento e serão entregues em abril. Em relação às câmeras, o governo informou que a previsão é de que comecem a funcionar em até seis meses.
As obras em andamento irão transformar o Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), localizado em frente ao parque da Luz, na região central, em um hub que irá funcionar como porta de entrada para os dependentes que buscam tratamento.
O local terá 40 vagas para acolhimento e espaço para a atuação de coletivos da sociedade civil que atuam no território, como associações e igrejas que distribuem refeições na cracolândia.
A ideia da gestão estadual é conduzir os usuários abordados que aceitem tratamento até o Cratod de onde serão encaminhados às unidades de saúde.
A reportagem apurou que as chuvas constantes dos últimos dias e a tragédia no litoral norte, que mobilizou boa parte do governo estadual, estão entre as causas para os atrasos na obra.
Outra promessa do governo estadual ainda não deflagrada é a contratação de profissionais especializados em abordagem de usuários. Hoje, o trabalho é feito apenas por funcionários contratados pela prefeitura.
Segundo a gestão, a contratação está sendo feito pela mesma entidade contratada para gerenciar o Cratod.
O tema cracolândia foi citado como prioridade da gestão Tarcísio em sua primeira agenda como governador eleito, no início de janeiro. Na ocasião, ele anunciou o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), como responsável pela articulação entre as diferentes secretarias estaduais e a Prefeitura de São Paulo.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou nesta quinta-feira (16) que ao menos 23 comerciantes fecharam as portas nos últimos meses na região da rua Santa Ifigênia após a instalação do fluxo de usuários de drogas.
Antes, a cracolândia migrou por diversas ruas do centro desde a ação policial que esvaziou a praça Princesa Isabel, em maio do ano passado.