Verão termina com chuvas acima da média na cidade de São Paulo

Por CLAYTON CASTELANI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O verão termina nesta segunda (20) com um volume de chuvas 16,7% acima da média esperada para a estação na cidade de São Paulo. Foram 774,3 milímetros de precipitações acumuladas no período, enquanto o estimado era de 663,4 milímetros, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas), da prefeitura.

Desde o final do ano passado, observava-se uma tendência de alteração no cenário de chuvas abaixo do normal, o que vinha ocorrendo desde 2019.

Essa mudança de padrão pode ser, ao menos em parte, explicada pelo encerramento de um longo ciclo em que o clima global vinha sendo afetado pelo La Niña, fenômeno que reduz a temperatura na superfície do oceano Pacífico, agravando secas em algumas regiões do planeta, como em parte da América do Sul, e intensificando tempestades em outras.

Iniciada em setembro de 2020, a atual ocorrência do La Niña deverá terminar neste ano, segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas).

"Estamos vindo de três anos com La Niña, mas não dá para colocar tudo na conta desse fenômeno. Alterações periódicas no volume das chuvas fazem parte da variabilidade climática", afirmou o meteorologista do CGE Michael Pantera.

"As chuvas voltaram com mais intensidade a partir de agosto e em fevereiro deste ano houve muita chuva. É significativo um aumento de quase 17% sobre a média esperada, mas não é um absurdo. Houve registros muito superiores", afirmou.

Os verões mais chuvosos na cidade foram os de 1995-1996 (922,4 mm), 2018-2019 (894,3 mm) e 1998-1999 (876,1 mm), de acordo com o CGE, que mantém os índices pluviométricos na cidade desde 1995.

Neste verão, entre 21 de dezembro de 2022 e 20 de março de 2023, apenas janeiro teve chuvas abaixo do esperado. Fevereiro e março apresentaram intensos temporais, o que gerou elevados volumes de precipitação, levando a estação a terminar com chuvas acima da média, explicou o meteorologista do CGE.

Com a chegada do outono e, considerando também o fim do La Ninã, a expectativa para a nova estação é de volume de chuvas dentro da média história, que é de 202,5 milímetros, segundo Pantera.

Nos últimos três anos, porém, a média pluviométrica ficou muito abaixo da expectativa, principalmente no ano de 2020, quando o registro de precipitação foi de 68,5 milímetros.

Os modelos de previsão climática para este outono indicam a predominância de neutralidade, o que, segundo o CGE, aponta para que o outono deste ano ocorra sem a influência dos fenômenos La Niña ou El Niño, que esquenta as águas do Pacífico Equatorial.

Já a agência meteorológica da ONU alertou, no início deste mês, que não está descartado um possível retorno do episódio de calor de El Niño, ameaçando elevar a temperatura ao redor do mundo.