Vaivém de decisões sobre greve do metrô confunde passageiros, que aguardam reabertura

Por LUCAS LACERDA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após encontrarem portas fechadas em estações por causa da greve do metrô, alguns passageiros escolheram esperar a possível abertura do embarque na Barra Funda na tarde desta quinta (23).

Entre o tédio da espera e a apreensão, as pessoas aguardavam a retomada da circulação após um anúncio de passagem gratuita feito durante a manhã.

A medida, acordo entre o sindicato e o metrô, animou quem sofreu com os transtornos causados pela paralisação, que suspendeu a circulação de trens nas linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata. Durou pouco. O Metrô recuou horas depois. Por volta do meio-dia, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) determinou a retomada parcial da operação.

Foi nesse horário que o estudante de gestão financeira, Derick de Farias, 19, resolveu tentar a sorte para embarcar na Barra Funda. Ele queria chegar à universidade, próxima à estação Belém, na zona leste, para tentar assistir às aulas noturnas. "As de tarde eu já perdi, mas o problema é voltar para casa. Eu moro em Itapevi e dependo muito do metrô", afirmou.

Com ele estava Giovanna de Souza, 18, moradora do Jardim Vista Alegre que ia para o Tatuapé. "Eu trabalho em telemarketing e preciso estar lá às 14h30", afirmou, às 14h35.

Os colegas Mara Almeida, 45, Selma Margarida, 42, e Alexandre Silva, 21, também aguardava desde o meio-dia na área de embarque do metrô da Barra Funda. "Ontem só cheguei por milagre, porque o segurança falou que já estava tudo em greve", disse Selma, que trabalha no período noturno como auxiliar geral em um shopping. "Minha chefe me pediu uma prova da greve. Pois vim e tirei a foto", afirmou.

A espera já durava cinco horas para Carlos de Almeida, 47, que havia viajado durante a noite de Cuiabá para São Paulo. "Só que não era para eu parar aqui na Barra Funda, porque tenho que pegar um ônibus no Tietê", disse ele, que esperava a volta do metrô desde às 9h. "Vou ao Rio passear."

Ainda não havia definição sobre a retomada da operação no fim da tarde desta quinta. No fim da manhã, o TRT-2 deferiu liminar a pedido do Metrô que determina o funcionamento de 80% do serviço nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e de 60% nos demais horários, durante todo o período de paralisação, com pagamento de tarifa.

TRECHOS LIBERADOS

Por volta das 17h15, a Companhia do Metropolitano de São Paulo informou que reabriu trechos das estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha.

Na azul, é possível circular da estação Ana Rosa à Luz. As viagens da linha verde vão da estação Alto do Ipiranga à Clínicas. Já na linha vermelha, os passageiros conseguem ir da Santa Cecília à Bresser-Mooca. A operação deve seguir até as 20h. A Barra Funda, no entanto, permanece fechada, assim como a

No fim da tarde, na região da avenida Paulista, por onde passam duas das três linhas afetadas (azul e verde), o trânsito fluía nos dois sentidos e não havia lotação nos pontos de ônibus.

ENTENDA A GREVE NO METRÔ DE SP

**O que os metroviários pedem**

Pagamento de abono salarial para repor o não pagamento das PRs (participação nos lucros) de 2020 a 2022

Revogação de demissões por aposentadoria especial

Revogação de desligamentos realizados em 2019

Fim das terceirizações e privatizações

Abertura imediata de concurso público para repor o quadro defasado de funcionários

**O que diz o Metrô**

Afirma não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019

VAIVÉM SOBRE ABERTURA DAS CATRACAS

**Na véspera da greve**

Justiça rejeita liminar do Metrô e permite catraca livre em caso de greve

Sem acordo com empresa, metroviários anunciam greve

Metrô não divulga se vai liberar passageiros de graça

**No dia da greve**

Metroviários entram em greve, com estações fechadas

Funcionários afirmam que voltariam ao trabalho com catracas livres

Metrô anuncia que aceita liberar catracas

Metroviários dizem que estão a postos para trabalhar, mas estado não libera passageiros

Gestão Tarcísio acusa funcionários de não terem voltado ao trabalho Justiça revê decisão e manda metroviários garantirem 80% do serviço durante a greve

Funcionários dizem que não vão voltar ao trabalho sem catraca livre

7.200 metroviários compõem o quadro. Desse total, 3.800 são funcionários diretamente ligados à operação dos trens, sendo que cerca de 700 trabalham ao mesmo tempo nas quatro linhas.

3 milhões é o número atual de passageiros do sistema por dia, segundo o Metrô. Antes da pandemia, a média ficava entre 3,8 milhões e 4 milhões de passageiros.