Raio X está fechado em corredor de UBS da zona oeste de SP há mais de um ano
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A dona de casa Renata Passos, 45, correu há cerca de dois meses com a mãe, de 69 anos, à Assistência Médica Ambulatorial (AMA)/Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim São Jorge, na região do Butantã, zona oeste de São Paulo, quando a idosa fraturou um dos dedos das mãos.
No posto de saúde, o médico pediu uma radiografia, que só foi feita no Pronto-Socorro Municipal da Lapa (também na zona oeste), a cerca de 15 km dali e a mais de uma hora de ônibus.
O transtorno poderia ter sido evitado se o aparelho de raio X da unidade do Butantã tivesse sido instalado. Segundo usuários, o equipamento, novinho e que custou R$ 201.390, segundo a Prefeitura de São Paulo, está lacrado em caixas de madeiras em um corredor há mais de um ano e nunca foi instalado.
Questionada, a Secretaria Municipal da Saúde não informou há quanto tempo o aparelho está no corredor. Mas disse que será instalado após a reforma e adequação da sala de raio X, com previsão de entrega no próximo mês. "Também serão instalados autoclave e raio X odontológico durante o período". diz a pasta, em nota.
Pacientes do serviço público de saúde filmaram o equipamento no corredor. Segundo vídeos feitos por celular, há pelo menos três caixas no local, que é acessado por usuários quando precisam fazer exames -há, inclusive, cadeira para espera.
Duas delas estão cobertas com plástico preto, sendo que uma tem tijolos em cima. Junto às caixas há carrinhos com produtos de limpeza.
Os vídeos enviados pela reportagem mostram a sala de raio X fechada com uma mesa na frente. O corredor, coberto, fica entre a AMA e a UBS no Butantã, que atendem, em média, 220 mil pessoas por mês, de acordo com a secretaria.
"Nunca sabem dizer quando o raio X vai começar a funcionar", reclama Passos, que antes de conseguir ser atendida na Lapa, passou pela AMA/UBS Jardim Paulo 6º, a 2 km dali, mas o aparelho estava quebrado. "Enquanto isso, ele [equipamento de radiografia] fica lá encaixotado."
A gestão Ricardo Nunes (MDB) aconselha aos pacientes procurarem o Pronto-Socorro Municipal Doutor Caetano Virgílio Neto, no próprio Butantã, mas segundo a dona de casa, a espera ali passa de quatro horas.
Passos afirma já ter presenciado uma funcionária do posto pedir para uma pessoa descer de cima de uma das caixas, onde havia sentado para esperar pela realização de coleta de sangue.
Segundo a prefeitura, outra opção para pessoas da região que precisam fazer exame de raio X é procurar a AMA Jardim Peri-Peri, para onde foi uma aposentada de 73 anos ouvida pela reportagem, mas que pediu para não ter o nome divulgado. O problema, diz ela, é que a radiografia levou mais de uma semana para ser realizada. Quando foi atendida, a tosse que a levou até o posto de saúde do Jardim São Jorge tinha passado.
O líder comunitário Cláudio Torres, que fez parte do conselho gestor da unidade, diz que o aparelho foi entregue há cerca de um ano e meio. "É um absurdo um equipamento caro estar jogado em um corredor e ninguém faz nada", afirma.
Torres lembra que usuários da unidade de saúde fizeram um abaixo-assinado, há cerca de dois anos, pedindo a reforma da unidade e a construção de uma sala para a instalação do raio X, que chegou cerca de seis meses depois. Segundo o líder comunitário, no local também há um aparelho esterilizador que nunca foi instalado. Questionada, a gestão Nunes não respondeu sobre esse equipamento nem sobre o raio X quebrado na AMA/UBS Paulo 6º.
Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que foi realizada a manutenção do ar-condicionado na sala de raio X da AMA/UBS Paulo 6º para a operacionalização do equipamento de radiografia.