Conselho abre processo de tombamento do Complexo do Ibirapuera

Por MÔNICA BERGAMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) aprovou por unanimidade, nesta segunda (10), a abertura de processo de tombamento do Complexo do Ibirapuera.

Enquanto o processo corre, nenhuma alteração pode ser feita no aparelho sem a anuência do conselho. O tombamento não impede a concessão do complexo à iniciativa privada, mas apresenta diretrizes e parâmetros para a preservação e modernização do espaço.

A concessão do complexo era um desejo antigo das gestões tucanas em São Paulo, mas enfrenta resistência de setores da sociedade civil, como arquitetos, urbanistas, historiadores e atletas. O atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) já disse que segue com o plano de desestatizar o aparelho. "Vamos preservar a função esportiva, mas haverá um aproveitamento da área útil para outras atividades e geração de receitas", afirmou ele.

"Estamos há cerca de dois anos defendendo um patrimônio público que faz parte da história dos cidadãos de São Paulo. O Complexo do Ibirapuera deve permanecer com a sua função social de ser um centro de formação de atletas, de professores de educação física seja para a rede pública ou privada de educação. Um centro de lazer integrando o esporte à cultura, à arte e ao lazer", argumenta a arquiteta Christina de Castro Mello. Ela é filha do arquiteto Ícaro de Castro Mello, autor do projeto do Ginásio do Ibirapuera, que é a parte mais famosa do conjunto.

Em 2021, em meio ao desejo do então governador João Doria de conceder o aparelho à iniciativa privada, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou o tombamento provisório do complexo, o que atrapalhou os planos do político. Antes, no final de 2020, uma decisão da Justiça já tinha suspendido a publicação do edital de concessão do aparelho esportivo.

Chamado de Ibirapuera Complex, o projeto de Doria previa a transformação do ginásio em centro comercial e gastronômico, e o estádio de atletismo se tornaria uma arena multiúso. Além disso, não haveria mais as piscinas do conjunto aquático, obra de Nestor Lindenberg, que cederia lugar a edifícios com hotel, flat e lojas.

"São Paulo já tem muitos shoppings. A cidade não precisa de mais centros de compras e mais áreas construídas", afirma a arquiteta Christina.

"A abertura do processo de tombamento no conselho municipal é uma vitória parcial, um caminho para a preservação do complexo esportivo do Ibirapuera que é uma presença tão forte, marcante e importante na cidade de São Paulo", destaca a arquiteta Dalva Thomaz, responsável pelo parecer que defende o tombamento do conjunto.