Oito são resgatados de trabalho análogo ao de escravo em fazenda de Goiás
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Uma operação do Ministério do Trabalho resgatou oito trabalhadores em condição análoga à escravidão de uma fazenda de bambu em Goiás.
As vítimas trabalhavam na extração de varas de bambu na cidade de Nova Glória.
A fiscalização encontrou os trabalhadores em condições subumanas. Os alojamentos não tinham camas, roupas de cama, armários individuais nem locais adequados para o preparo de refeições.
Os trabalhadores estavam a meses sem receber salário e sobreviviam com pequenas quantias de R$ 10 a R$ 50.
Tudo o que eles tinham, como acesso à água, alimentos e equipamentos de proteção, era descontado do salário indevidamente pelo empregador. Quando pediam para ir embora, o patrão dizia que eles estavam devendo e tinham que acertar as contas.
O MTE diz que o empregador tinha um caderno com todas as anotações de despesas. Se deixassem a fazenda, os trabalhadores eram obrigados a assinar notas promissórios das dívidas, afirmou o auditor fiscal Afonso Borges, chefe de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás.
Nenhum trabalhador da fazenda era registrado. No local de trabalho, não havia espaço para refeições nem banheiro.
O empregador foi preso pela Polícia Federal. Além de submeter funcionários a trabalho análogo ao de escravo, há evidências de que o homem cometeu crimes de aliciamento, retenção indevida de salário e tráfico de pessoas.
Ele se recusou a pagar a rescisão contratual, incluindo o salário de todo o período trabalhado, e passagens para que os trabalhadores voltassem aos seus estados de origem. Segundo Borges, o patrão alegou falta de condições financeiras.
A União bancou a passagem dos oito trabalhadores e kit de alimentos para a viagem. Cinco deles eram de São Miguel do Guamá (PA), dois de Anápolis (GO) e um de Barra do Garças (MT).
A operação do MTE foi feita em conjunto com a Polícia Federal e MPT entre os dias 8 e 10 de maio. Denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas, de forma anônima, pelo Sistema Ipê.
Desde 1º de maio, pelo menos 33 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em operações do MTE.