Fontana di Trevi paulista será inaugurada na cidade de Serra Negra
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Conhecida pela produção de café e comércio de roupas de frio, a pacata cidade de Serra Negra (a 140 km de SP), no interior de São Paulo, inaugura nesta sexta-feira (12) uma nova atração: uma réplica da Fontana di Trevi, de Roma, uma das mais célebres fontes do mundo.
Mesmo antes de ser inaugurada, a nova atração já chamava a atenção de turistas. "Eu achei parecida com a verdadeira, e ficou muito bonita desse jeito, incorporada com a natureza", disse a aposentada Ezilda Bassan, 68, que visitava a cidade com a mãe e a tia para fazer compras.
Na última quarta-feira (10), operários davam o acabamento final na fonte, que permanecia cercada por grades. Mesmo assim, ao longo da tarde, muitos visitantes pararam para fotografar o monumento. "Está muito bem-feita, gostei dos detalhes. É um passeio mais econômico, já que não podemos ir pra Itália", disse Luzia Prado, 68, moradora de Aparecida (a 170 km de SP).
No local, antes ficava uma concha acústica que, segundo a prefeitura, era pouco utilizada. "Turisticamente não era um atrativo, então buscamos homenagear a ligação com a Itália que nós temos na cidade, e a nova fonte vem sendo muito bem recebida pela população", disse o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico Carlos Tavares, atribuindo a ideia ao prefeito Elmir Chedid (DEM), que queria marcar sua gestão com uma grande obra. A imigração de italianos na região começou em 1887 e até hoje a cidade mantém festas e tradições culturais ligadas a essa comunidade.
A obra, que teve início em fevereiro de 2022, teve custo total de R$ 1,6 milhão -a maior parte do recurso foi destinada às obras de infraestrutura e fabricação e acabamento das esculturas. De todo o montante R$ 505 mil vieram de repasses do governo estadual por meio de convênio com o Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos). O restante do investimento veio da própria prefeitura.
A administração municipal justifica que a nova atração deve movimentar a economia da cidade, que tem no turismo o seu principal motor. "Nossa expectativa é que aumente em 10% o movimento de turistas", disse o secretário. Alguns moradores ouvidos pela reportagem, contudo, não demonstraram o mesmo entusiasmo e questionaram se o recurso não poderia ser investido na saúde do município.
Encravada na Serra da Mantiqueira, Serra Negra é reconhecida como destino turístico desde a década de 1920, quando o então presidente Washington Luís a denominou como "cidade da saúde", devido à qualidade terapêutica de suas águas minerais. Para o comerciante José Zeferino, 80, a nova fonte tem "tudo a ver" com essa característica da cidade. "Ela já está ao lado da fonte dos italianos e acho que vai fazer bem para o movimento" disse ele, que é dono de uma banca de jornal a poucos metros da nova atração.
A réplica da Fontana di Trevi procurou reproduzir em detalhes as colunas, esculturas e ornamentos da original. "Nós tomamos como referência fotografias e replicamos todos os detalhes para deixar a fonte quase idêntica. Só é um pouco menor", disse o mestre de obras Claudemir Morais, que realizava os testes finais nos 55 projetores de luz do espelho d'água antes da inauguração.
Apesar das dimensões, a fonte de Serra Negra não guarda a mesma imponência da original. Em vez de rochas e mármore, o principal material usado na construção do monumento foi o isopor, com revestimento de fibra de vidro. Quando observada de perto, a fachada sem profundidade remete a um cenário.
Segundo a prefeitura, o projeto tem 11 metros de altura e 20 metros de largura -o que equivale a cerca de 40% do monumento usado como referência. A tradição de se jogar moedas na fonte deve ser mantida, e o dinheiro arrecadado será destinado ao Fundo Social de São Paulo.
Inaugurada em 1735, a Fontana di Trevi original teve projeto do arquiteto Nicola Salvi, a partir de concepção artística de Gian Lorenzo Bernini, importantes representantes do barroco italiano. Símbolo de Roma, a fonte já foi cenário de várias produções cinematográficas, entre elas "A Doce Vida", do cineasta Federico Fellini. Em uma das cenas mais famosas, os personagens interpretados por Anita Ekberg e Marcello Mastroianni se banham em suas águas.