PMs são investigados por roubar droga e cobrar para liberar traficantes

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Quatro policiais militares estão sendo investigados pela Polícia Civil de Pernambuco após abordarem dois traficantes, ficarem com a droga que estava com eles e cobrarem R$ 6 mil para liberar os criminosos.

Em 20 de julho de 2021, os policiais estavam em operação em Recife, quando eles identificaram dois criminosos com seis quilos de maconha, informou a Polícia Civil em coletiva de imprensa. A ronda policial era formada por um sargento, um cabo e dois soldados.

Os policiais militares detiveram e colocaram os traficantes na viatura, mas, em vez de levá-los para a delegacia, eles teriam passado mais de seis horas "rodando" com eles. A droga não foi levada à delegacia e ninguém foi preso, segundo a investigação.

Os policiais teriam ligado para a família dos detidos, cobrando R$ 3 mil pela liberação de cada um. Um deles conseguiu o valor e saiu da viatura, o outro ficou com os agentes. Devido à demora, ele foi liberado mesmo sem dar o dinheiro.

O delegado Ivaldo Pereira disse que os policiais não abriram Boletim de Ocorrência após autuarem os dois envolvidos por tráfico de drogas. À Polícia Civil, os dois traficantes denunciaram a ação dos policiais militares.

Pereira também afirmou que, por meio das diligências, conseguiu-se comprovar o que foi dito pelos traficantes. Na última sexta-feira (19), foram cumpridos quatro mandados de busca contra os policiais. Na residência dos agentes, o delegado disse que foram apreendidos os celulares usados por eles.

Além desse caso, há indícios de práticas semelhantes executadas com outras pessoas, com valores chegando a R$ 20 mil. O delegado diz que isso se enquadra em "associação criminosa", abuso de autoridade e tráfico de drogas.

Um procedimento contra os policiais foi aberto na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social. Após a conclusão do inquérito da Polícia Civil, a decisão será encaminhada para o Ministério Público de Pernambuco. Eles foram afastados das funções e não podem ter contato com as vítimas, afirmou Pereira.