Amapá enfrenta surto de doenças respiratórias graves que já matou seis crianças

Por LEONARDO AUGUSTO

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O Amapá enfrenta surto de doenças respiratórias graves que já provocou a morte de seis crianças. A ocupação em leitos de UTIs (unidades de terapia intensiva) pediátricas no estado ultrapassa 90%.

Neste domingo (21), um navio da Marinha do Brasil partiu do porto de Belém com destino ao Amapá transportando carga de oxigênio. A previsão de chegada é na terça (23).

A secretária de estado de Saúde, Silvana Vedovelli, afirma que o motivo do surto é a baixa cobertura vacinal no estado, já que, conforme a responsável pela pasta, os pais não estão levando os filhos para serem imunizados.

Há elevada incidência de doenças respiratórias em crianças com menos de um ano. A vacinação contra gripe e Covid pode ser feita a partir dos seis meses de idade.

No último dia 13, o governador Clécio Luís (Solidariedade) decretou estado de emergência na área da saúde.

Um dos vírus predominantes no surto de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no estado é o VSR (Vírus Sincicial Respiratório), causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada de oxigênio aos pulmões.

Outros vírus identificados no surto são o influenza A e B e o da Covid-19, conforme levantamento da SVS (Superintendência de Vigilância em Saúde).

O surto pressiona a capacidade de atendimento dos hospitais do estado, que estão atendendo também crianças que ainda não podem ser imunizadas.

"Mais de 90% dos leitos estão ocupados por crianças, principalmente menores de 6 meses. São bebês de poucos meses, ou seja, crianças que saem sadias da maternidade e retornam infectadas. É preciso que os adultos mantenham e sejam responsáveis com a higiene sanitária e evitem expô-los", afirma a superintendente de Vigilância em Saúde do estado, Margarete Gomes, em comunicado do governo.

O HCA (Hospital da Criança e do Adolescente) e o PAI (Pronto Atendimento Infantil), ambos na capital Macapá, registravam neste domingo 171 pacientes internados. Desses, 35 em UTIs. No Hospital da Mulher Mãe Luzia, também na capital, 18 bebês com menos de um mês seguem internados com SRAGs.

A secretária de Estado de Saúde afirma que na semana do dia 12 de maio a cobertura vacinal no Amapá estava em 14%, percentual que agora foi a 40,36%, em relação especificamente à imunização de crianças de até 5 anos.

O percentual, ainda assim, é considerado baixo. "O ideal é que estivesse em 90%, afirma a secretária". Uma série de reuniões estão sendo realizadas com prefeitos e secretários municipais de saúde para incentivar a vacinação no estado.

A mais recente foi realizada neste domingo. "Eu quero pedir a ajuda de todos para intensificar as recomendações sanitárias. Se a pessoa está com sintomas, use máscara, evite sair com suas crianças para locais com aglomeração", disse o governador, no encontro.

"Essas medidas preventivas são importantes para evitarmos que mais pessoas, mais crianças sejam acometidas pela síndrome gripal. Estamos fazendo o nosso trabalho, mas precisamos da colaboração de todos", afirmou.

OXIGÊNIO

O navio da Marinha que partiu de Belém com destino ao Amapá transporta 32.695 metros cúbicos de oxigênio gasoso. A embarcação saiu por volta das 2h da madrugada deste domingo (21) da Base Naval de Val de Cães, na capital, com destino a Santana (AP).

O navio leva também equipamentos hospitalares.

"A Marinha do Brasil possui, entre suas capacidades, o apoio logístico móvel. Estamos em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, possibilitando o transporte de cilindros de oxigênio de grandes proporções e outros materiais hospitalares para o Amapá", afirmou a Marinha, em comunicado.

Segundo a secretária de estado de Saúde, o abastecimento de oxigênio no estado está normal. A carga transportada pela Marinha, porém, conforme a responsável pela pasta, será usado em dez leitos de UTI e 20 clínicos que serão abertos no estado.

O Ministério da Saúde informou ter enviado a Macapá na terça (16) dez técnicos para reforçar o COE (Centro de Operações de Emergência) que atuarão também na investigação do surto.