Febre maculosa tem letalidade alta e requer tratamento imediato
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A febre maculosa é reconhecida por ser muito letal. Por isso, um diagnóstico rápido para que o tratamento com antibiótico seja iniciado imediatamente é essencial.
Dados indicam que a letalidade da doença pode superar os 50%. A Covid-19, por exemplo, não ultrapassou a taxa de 7% no Brasil, mesmo antes da vacinação.
"O diagnóstico [da febre maculosa] tem que ser rápido, e o tratamento, imediato. Isso vai salvar vidas", resume Tania Chaves, consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e docente da Faculdade de Medicina da UFPA (Universidade Federal do Pará).
Um dos dilemas é a dificuldade de realizar um diagnóstico exato da febre maculosa. Isso porque os sintomas, como febre, dor no corpo, mal-estar e náuseas, são comuns a várias outras enfermidades. Dengue, leptospirose e malária são exemplos de doenças que causam esses sintomas e podem causar confusão.
Por essas razões, algo importante para o diagnóstico é o histórico do paciente com a suspeita. Por exemplo, é importante identificar os locais por onde transitou e identificar se são áreas de riscos para a transmissão, como zonas rurais e beira de rios. Esses espaços podem ter a presença de carrapatos, principal vetor de transmissão da febre maculosa para humanos, por meio de sua picada.
Períodos mais frios e secos são os de maior risco para a doença, e Tania Chaves afirma que muitos casos ocorrem entre junho e novembro. Isso não significa, porém, que infecções não aconteçam em outros momentos. "Pode ser que esse ciclo se antecipe para o mês de maio e se arraste um pouco mais", exemplifica.
A confirmação do diagnóstico só ocorre com testes laboratoriais. Em alguns casos, é até necessário refazer o exame devido à possibilidade de um falso negativo. De toda forma, é importante administrar antibióticos antes mesmo da confirmação de qualquer teste. Tetraciclina e cloranfenicol são os dois medicamentos usados contra febre maculosa.
O tratamento imediato é necessário para evitar a evolução para quadros mais graves que levam à morte. Entre o 5° e o 15° dia a partir do início dos sintomas o paciente pode ir a óbito. Além disso, segundo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a partir do 7° dia de sintomas sem tratamento, a doença deve ter evoluído a um quadro crítico, e a morte provavelmente já não poderá mais ser evitada.
Esses casos mais graves da doença são associados à bactéria Rickettsia rickettsii, com registros especialmente na região Sudeste e no norte do Paraná. Outra espécie do patógeno no Brasil que também pode causar a febre maculosa é a Rickettsia parkeri, mais comum em regiões de mata atlântica em estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Chaves explica que, embora essa espécie normalmente leve a um quadro mais brando, ela continua sendo motivo de preocupação. Isso porque, em alguns casos, pode causar complicações sérias no paciente até o ponto de evoluir a um estágio grave da infecção.