Brasil terá inverno mais quente e menos chuvoso que o comum
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O inverno no hemisfério sul começa nesta quarta-feira (21) e deve ser marcado por temperaturas acima da média em quase todo o Brasil. De acordo com meteorologistas, a estação mais fria do ano será influenciada pelo fenômeno climático El Niño, que pode se prolongar até o fim de setembro.
Outro efeito esperado é o tempo mais seco que o normal na maior parte do país. A estação trará períodos menos chuvoso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e na maior parte do Norte e Nordeste. Por outro lado, o inverno deve registrar mais chuvas no Sul.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento acima da média no oceano Pacífico. "A principal consequência para o nosso inverno é a temperatura ficar, em média, um pouco acima do normal, principalmente na região central do Brasil", explica o meteorologista Gilvan de Oliveira, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O instituto alerta ainda para o maior risco de queimadas, sobretudo nas regiões Centro-oeste e Sudeste.
No estado de São Paulo, a previsão é de um inverno quente, mas alguns picos de frio previstos para julho e agosto podem baixar a temperatura para menos de 10°.
"No inverno é comum a passagem de frentes frias associadas a massas de ar frio e a ocorrência de recordes de temperatura mínima. São comuns também eventos de estiagem, com períodos prolongados sem chuva e temperaturas mais elevadas. Por causa disso, são observados dias com grande amplitude térmica", explica o meteorologista Thomaz Garcia, do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o restante da região Sudeste seguirá tendência parecida, com predomínio de chuvas abaixo da média ao longo da estação. Não se descarta, no entanto, a ocorrência de precipitações mais intensas no litoral sul da região, devido à passagem de frentes frias. Em setembro, último mês da estação, o norte de São Paulo e oeste de Minas Gerais poderão ter ondas de calor.
Há previsão de estiagem também na região centro-oeste, onde a umidade relativa do ar pode ficar abaixo dos 20% nos próximos meses. Ao mesmo tempo, a permanência de massas de ar seco e quente favorece a elevação das temperaturas para acima da média do inverno. Em setembro, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul podem enfrentar períodos prolongados de calor com máximas próximas a 40º, segundo a agência Climatempo.
As projeções meteorológicas indicam que o interior nordestino, que já enfrenta período seco, deve ter volume de chuva próximo da média durante o inverno. Já na faixa litorânea haverá redução gradual das precipitações, que devem registrar volume abaixo do normal. A temperatura, por outro lado, se elevará em quase todos os estados, com níveis acima da média na maior parte da região.
Os efeitos do El Niño devem ser notados ainda no Norte do país, que terá inverno com chuvas abaixo da média e calor acima do normal em todos os estados. O tempo seco deve se acentuar a partir de agosto, aumentando o risco de queimadas nas bordas sul e oeste da Amazônia. Apenas no extremo norte da região algumas áreas têm possibilidade de chuvas acima da média.
Já no Sul do país, o inverno começa com temperaturas um pouco acima da média, mas o calor não deve durar. Agosto tende a ser o mês mais frio da estação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e a chegada de massas de ar frio tem potencial para provocar geadas na região, segundo o Climatempo. No Paraná, por outro lado, há previsão de calor acima da média durante todo o período, principalmente em setembro.
Os estados do sul também terão clima mais úmido ao longo desse inverno, com chuvas acima da média em toda a região.