Delegado da PF é suspeito de agredir e ameaçar professor de escola do filho no PR

Por YURI EIRAS

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou a abertura de um procedimento na Polícia Federal para investigar um delegado federal suspeito de ter agredido um professor de história do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, em Guaíra (a cerca de 640 km de Curitiba), no Paraná. O filho do delegado estuda na instituição. O caso aconteceu na última sexta-feira (30).

A reportagem procurou o delegado por mensagem, mas não houve resposta. A polícia não confirmou sua identidade, e a reportagem optou por não divulgar seu nome para preservar o adolescente.

O professor de história Gabriel Barbosa Rossi também foi procurado por telefone e mensagem, mas não respondeu aos contatos.

A Polícia Civil do Paraná confirmou à reportagem que registrou ocorrência. O boletim foi aberto por suspeita de injúria a partir do depoimento do pai do aluno. A Polícia Civil disse que "realiza oitivas para apurar as circunstâncias", mas não respondeu se o professor já foi ouvido.

Segundo o portal G1, o delegado contou à polícia que o caso aconteceu depois que o estudante foi advertido por declarações supostamente discriminatórias, durante a aula de história do professor. O filho teria contado sobre a advertência ao pai, que resolveu ir ao colégio.

No depoimento, o delegado disse que a briga aconteceu após o professor ter dito que "soltaria fogos de artifício" se o estudante saísse do colégio. O delegado disse que seu filho foi chamado de nazista.

Rossi nega ter chamado o filho do delegado de nazista.

"Eu já tinha visto ele fazer comentários de cunho preconceituoso, machista, homofóbico, gordofóbico com os professores e que todas essas coisas somavam à visão que eu tinha de comentários detestáveis que ele fazia, inclusive eu disse para ele que em alguns momentos o vi fazer brincadeiras de cunho nazista. Mas eu sei que o menino não é nazista", disse o professor ao G1.

Rossi disse ter sido agredido na hora da saída. Segundo ele, o delegado chegou ao colégio de carro, o puxou pelo braço e deu voz de prisão. Depois, o enforcou e apontou uma arma para seu rosto.

O ministro Flávio Dino (Justiça) publicou no Twitter que a Polícia Federal vai apurar o caso.

"Sobre a denúncia veiculada pelo Professor Gabriel Barbosa Rossi, no Paraná, informo que já houve o registro formal e as apurações administrativas serão procedidas na Polícia Federal, visando ao esclarecimento dos fatos e cumprimento da lei", escreveu Dino, na noite de segunda (3).

Em nota, o Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo disse lamentar profundamente o episódio e que a "agressão é inadmissível, acima de tudo, em uma instituição de ensino, a quem cabe o mais importante dever social, que é o de educar as crianças e o jovens, preparando-os para o exercício da cidadania".

"Reiteramos nosso apoio ao professor agredido e vale ressaltar que nada justifica uma agressão, seja física, moral ou verbal, e será sempre um ato repudiável, independentemente das razões que possam levar alguém a cometer tal atitude", completou a instituição.