Fontes de césio-137 que haviam sumido em Minas são achadas em empresa de sucata em SP

Por YURI EIRAS E LEONARDO AUGUSTO

RIO DE JANEIRO, RJ E BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Duas fontes radioativas de césio-137 que haviam desaparecido no dia 29 de junho da mineradora AMG Brasil em Nazareno, região sul de Minas Gerais (a 240 quilômetros de Belo Horizonte), foram encontradas nesta segunda (10) em uma empresa de sucatas em São Paulo.

De acordo com a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), os próprios funcionários da empresa notificaram sobre o paradeiro. As fontes são utilizadas como medidores de densidade de minérios.

A Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que investigações estão em andamento para apurar como as fontes sumiram e quem as enviou até São Paulo. A AMG Brasil, proprietária do material, trata o desaparecimento como furto. As fontes estão sob análise pericial da Cnen.

O césio-137 é o mesmo material de cápsula encontrada em Goiânia em 1987 por catadores de lixo em terreno do IGR (Instituto Goiano de Radiologia), no maior acidente radioativo do país, que provocou a morte de quatro pessoas, lesões em pelo menos 16 e contaminação em 200.

Segundo a AMG Brasil, as fontes são utilizadas na indústria mineradora para medir a quantidade de minério que passa por uma tubulação. Elas estavam dentro da unidade de minerais críticos da empresa.

Durante as investigações, técnicos da Cnen fizeram uma varredura com detectores de radiação dentro da mineradora e em outras dez áreas suspeitas, mas o material não havia sido encontrado.

Cada medidor contém uma fonte selada de césio-137, que é revestida de aço inoxidável, blindada internamente com chumbo e protegida por mais outra camada de aço inoxidável.

Pela proteção que as envolve, as fontes são identificadas como não perigosas pela Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica). Em nota publicada após o desaparecimento, a Cnen disse que as cápsulas não eram tão perigosas como aquelas encontradas em Goiânia, em 1987.

"Tais fontes, apesar de serem de césio-137, têm atividade cerca de 300 mil vezes menor do que aquela do acidente de Goiânia", diz a comissão.

"Além disso, essas fontes são confeccionadas em material cerâmico, ou seja, mesmo que fossem violadas em seus invólucros duplos de aço inox não seriam espalháveis como foi a fonte do acidente de 1987", afirma a Cnen, ressaltando que desta vez não são esperados efeitos severos à saúde pelo contato com a substância.

A empresa dona das fontes, no entanto, afirma que o manuseio inadequado por pessoas não autorizadas pode acarretar risco à saúde.