'Vítima de arbítrio', diz Lula sobre ex-reitor Luiz Carlos Cancellier
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou nesta quarta-feira (12), durante evento no Palácio do Planalto, sobre a morte do professor Luiz Carlos Cancellier.
"Não podemos deixar de lembrar do nosso companheiro, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier", afirmou o presidente durante a solenidade de entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico, em Brasília.
"Sempre que a gente puder, temos que lembrar das pessoas que foram vítimas do arbítrio para que esse arbítrio, essa insanidade, nunca mais aconteça no nosso país", disse Lula à plateia, composta de ministros e pesquisadores.
A fala ocorreu poucos dias depois de o TCU (Tribunal de Contas da União) se manifestar sobre a representação que tratava de supostas irregularidades na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que foram alvo da Polícia Federal (PF) e envolviam o nome de Cancellier.
No último dia 4, os ministros do tribunal decidiram arquivar a representação por considerá-la improcedente, conforme consta no acórdão nº 6540/2023.
"Hoje, quase seis anos depois, a sociedade recebe a notícia da sua inocência, mais ainda, de que não há no TCU qualquer pendência que envolva Cancellier. A UFSC reitera seu posicionamento pelo direito à ampla defesa e ao devido procedimento legal, lamentando que o professor Cancellier não esteja entre seus colegas para acompanhar esse importante esclarecimento sobre o caso", disse a universidade em nota.
Lula já havia se pronunciado sobre o caso em janeiro. Para o presidente, o ex-reitor foi uma vítima da Operação Lava Jato e de pessoas que buscavam punir antes de apurar os fatos.
Após a decisão do TCU, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que pedirá a PF a instauração de um processo administrativo disciplinar.
ENTENDA O CASO
Eleito reitor da UFSC em 2016, Cancellier foi preso em setembro de 2017 na operação Ouvidos Moucos da Polícia Federal, que investigava um suposto desvio de recursos de programas de educação a distância para locação de veículos. Segundo a PF, ele teria tentado obstruir as investigações, o que o reitor negava.
O professor foi liberado um dia após a prisão, mas continuou afastado da UFSC por decisão judicial.
"Este afastamento é um exílio. Eu moro a três metros da universidade. Saio de casa e estou dentro da universidade. E não posso entrar na casa em que vivo e convivo desde 1977. As manifestações me dão conforto. O corpo está muito sofrido, mas a solidariedade conforta a alma", afirmou Cancellier em entrevista dada na época ao Diário Catarinense.
Poucos dias depois, o professor cometeu suicídio. Um bilhete encontrado junto a seu corpo trazia a seguinte mensagem: "Minha morte foi decretada no dia do meu afastamento da universidade".