Presos do Bonde do Elevado dizem que roubavam até 10 celulares de carros por dia
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois jovens presos nesta semana por roubo e furto de celulares na região do viaduto Júlio de Mesquita Filho, na Bela Vista, centro de São Paulo, disseram a policiais que levavam de 5 a 10 aparelhos por dia de motoristas ou de passageiros de carros presos no congestionamento. O local é via de ligação entre as zonas leste e oeste.
Outros quatro suspeitos de agirem na mesma região são investigados e devem ter a prisão pedida à Justiça na próxima semana, segundo a Polícia Civil. O mesmo deve ocorrer com duas mulheres cuja função seria esconder os aparelhos em bolsas após os roubos e furtos.
A ação do Bonde do Elevado, como os criminosos se referiam ao grupo, foi registrada pela TV Globo.
As prisões ocorreram na rua Professor Laerte Ramos de Carvalho, paralela ao viaduto. Os suspeitos têm 18 e 19 anos e, segundo o Deic, portavam dois revólveres com numeração raspada. Um deles já havia sido apreendido quando menor de idade por furto de celular.
O delegado Marco Antônio Bernardino Santos, da 6ª Delegacia Patrimônio do Deic (Departamento Estadual de Investigações Gerais), afirmou que os presos revelaram informalmente o número médio de aparelhos subtraídos.
Os jovens, segundo o delegado, disseram que são da periferia da capital e se hospedam em pensões no Bexiga, bairro no entorno do viaduto, nos dias em que cometem os crimes.
Os aparelhos são vendidos para receptadores em outras regiões do centro e, posteriormente, utilizados para acessar contas por meio de aplicativos bancários.
Na segunda-feira, policiais do 5º Distrito Policial (Aclimação) detiveram outros dois homens e apreenderam um adolescente durante uma operação para combater roubos no trânsito na região central.
De acordo com a investigação, geralmente os ladrões agem entre 17h e 18h. Eles utilizam pedras para quebrar os vidros dos carros, surpreendendo motoristas. No caso de uma mulher, que identificou um dos presos, ela chegou a levar um soco no rosto do ladrão, conforme a polícia.
O delegado do Deic disse que os criminosos geralmente agem em dupla. Um deles atua como olheiro e dá o alerta da potencial vítima, via celular, para o outro, que se embrenha no meio de trânsito e pega o aparelho do painel do carro ou das mãos de passageiros. Em seguida, um passa o produto do crime para o outro na fuga, correndo entre os carros.
O celular é vendido por preços que variam de R$ 200 a R$ 500, se estiverem com a "tela fechada", ou seja, impossibilitando suas operações, e de R$ 2.000 a R$ 3.000, no caso dos "abertos", o que facilita o acesso a contas bancárias para transferência de dinheiro, conforme apurou a investigação.
Para o policial, a média de celulares levados, segundo informado pelos dois presos, é superior às queixas de crimes.
Em 40 dias, desde 1º de junho, o Deic apurou que houve 40 registros de roubo ou furtos de celulares no viaduto Júlio Mesquita Filho e nas ruas Professor Laerte Ramos de Carvalho, Rui Barbosa e Manoel Dutra, no Bexiga, que ficam próximas.
"As vítimas precisam fazer boletim de ocorrência, mesmo que seja eletrônico, pois é a partir de estatísticas que a Polícia Militar intensifica patrulhamento", afirma.
Conforme a polícia, o perfil das vítimas é, preferencialmente, de mulheres ou de passageiros desatentos no banco traseiro de carros de aplicativo.
Foi o que aconteceu na última sexta-feira (7) em um semáforo da rua Manoel Dutra, que liga a avenida 9 de Julho ao viaduto Júlio Mesquita Filho.
A câmera de um comércio registrou quando dois jovens caminham entre os veículos parados no semáforo até que um deles enfia o braço pela janela direita do banco traseiro, que estava aberta, possivelmente de um carro de aplicativo. Ele pega um celular e ambos saem correndo no sentido contrário do trânsito.
Em dois anos, a polícia diz ter mapeado a atuação de mais de 400 suspeitos desse tipo de crime na região central da capital paulista.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que as forças de segurança prenderam cerca de 300 criminosos por roubo, furto e receptação de celulares no centro da cidade.
"Durante a operação Mobile, mais de 600 aparelhos celulares foram recuperados de janeiro a junho deste ano, resultado 40,9% maior do que o registrado no mesmo período de 2022", afirma.