Justiça mantém prisão de 12 de 18 detidos em operação na cracolândia no sábado (22)

Por MARIANA ZYLBERKAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Seis acusados de tráfico de drogas entre 18 presos durante operação policial na cracolândia no último sábado (22) tiveram liberdade provisória decretada em audiência de custódia. A prisão em flagrante dos demais foi convertida em preventiva (sem prazo), segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.

A operação deflagrada pela Polícia Civil tinha como objetivo prender 35 alvos identificados pelas investigações. Segundo os delegados responsáveis, os acusados foram flagrados durante a venda de pedras de crack por imagens captadas via câmeras de segurança e drones.

Os acusados soltos atuavam em funções de apoio a traficantes, como ajudar no direcionamento de usuários de drogas até as barracas onde a droga é exposta em caixotes de madeira e placas de vidro.

O secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite afirmou nesta segunda-feira (24) que há previsão de novas operações na cracolândia para prender acusados de tráfico identificados pela Polícia Civil. "Quanto mais a gente adotar essa estratégia que teve sucesso, mais prisões ocorrerão", disse o secretário em coletiva de imprensa convocada na praça da República, no centro de São Paulo.

O local escolhido para responder a perguntas de emissoras de TV, entre outros veículos de imprensa, é pouco usual, já que os comunicados oficiais da pasta costumam ser organizados na sede da Polícia Civil. Para garantir a segurança do secretário, que estava acompanhado do delegado-geral Artur Dian, foi organizado na praça um forte aparato policial com dezenas de motos da Rocam e policiais da Rota (tropa de elite) armados com fuzis.

Questionado sobre a escolha da praça da República para conceder a entrevista coletiva, Derrite afirmou que não houve uma razão específica. Ao fim, o secretário e o delegado-geral entraram na secretaria estadual de Educação, localizada na praça.

A liberdade provisória concedida aos seis presos na audiência de custódia prevê uma série de medidas cautelares, como comparecer em juízo mensalmente para detalhar suas atividades, manter o endereço atualizado perante à Justiça, não frequentar bares e se recolher em casa diariamente entre 22h e 6h.

Entre os presos que tiveram a liberdade provisória concedida está um homem de 29 anos que havia sido preso em abril de 2019 quando comprava crack em uma rua da Vila Cachoeirinha, bairro da zona norte de São Paulo. Segundo boletim de ocorrência, ele disse aos policiais ser viciado em drogas e estava acompanhado de outros dois homens presos em flagrante com porções de cocaína e maconha.

Outro liberado pela Justiça, de 26 anos, foi preso anteriormente, em julho de 2022, por portar um celular fruto de roubo no Vale do Anhangabaú, na região central. De acordo com boletim de ocorrência registrado na ocasião, Silva negociava a venda do aparelho quando foi surpreendido pelos policiais e o jogou no chão. Com ele também foi preso um homem de origem africana com cerca de R$ 11 mil, US$ 410 e 30 euros em espécie. Ele também teve liberdade provisória concedida em audiência de custódia.

A reportagem não conseguiu acesso às defesas. Questionada, a SSP não informou se os presos apresentaram advogados. O boletim de ocorrência tampouco informava isso ou qual a alegação dos presos.