Homem que atacou bar em Curitiba cita surto e diz que tinha faca por ser chef de cozinha
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O homem de 27 anos que atacou clientes com uma faca em um bar de Curitiba, na madrugada do último sábado (22), disse à Polícia Civil que teve um surto e que não se lembra do episódio. Também declarou que carregava facas na mochila -seis foram apreendidas pela polícia- porque era chef de cozinha em um restaurante e gostava de usar o próprio material.
A informação é do delegado José Vitor Pinhão, responsável pela investigação. Já o advogado Khalil Aquim, responsável pela defesa, afirmou à reportagem, nesta terça (25) que "manifesta todo seu respeito às vítimas e aguardará o curso das investigações antes de se manifestar sobre o fato".
Três clientes do bar tiveram ferimentos e precisaram ser encaminhados a hospitais. Uma quarta vítima, um homem de 48 anos, morreu no local. Todos os feridos já receberam alta hospitalar.
"Ainda vamos verificar se ele tinha sido dispensado do restaurante onde trabalhava. Mas as facas eram de propriedade dele. Ele disse que gostava de trabalhar com material próprio, alegava que não gostava das facas do restaurante, que não eram afiadas. Então, em princípio, ele não se armou para cometer o crime. Já estava de posse das facas", disse Pinhão, durante entrevista à imprensa nesta terça-feira.
De acordo com o delegado, ainda não é possível saber se o crime foi premeditado e se o homem teria provocado o ataque para ser morto na sequência. "Ele falou 'me matem' para as pessoas que conseguiram segurá-lo", contou o investigador.
Segundo Pinhão, o homem disse que fazia uso de remédios controlados, passava por tratamento psiquiátrico e tinha problemas familiares --teria sido expulso de casa recentemente. Ele está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região de Curitiba.
A polícia já ouviu funcionários do bar, mas vítimas e familiares do indiciado ainda vão prestar depoimento. O homem também deve ser novamente ouvido. O nome dele não foi divulgado.
O crime ocorreu no bar Distrito 1340, que fica no bairro Campina do Siqueira, por volta das 00h30. O local é frequentado por amantes de rock e de motocicletas. O homem disse à polícia que não era frequentador do bar e só tinha ido lá uma única vez, há cerca de um ano.
Como foi o ataque
De acordo com o delegado, o homem chegou sozinho, por volta das 21h, e a mochila não chamou atenção. "Como se trata de um espaço que reúne bar, restaurante, barbearia e local para fazer tatuagem, é comum ver pessoas entrarem com mochila", disse Pinhão.
Segundo funcionários do bar ouvidos pela polícia, ele não fez consumo excessivo de bebida alcoólica e aparentava tranquilidade. Também não fez interação com as vítimas, que estavam em uma mesa distante quase três metros.
"Inicialmente, surgiu a tese de que ele teria sido repreendido por estar fumando, mas isso está descartado. Era uma área externa, até destinada a pessoas que quisessem fumar. Não houve nenhuma provocação das vítimas antes do evento", afirmou o investigador.
A única interação com clientes ocorreu quando ele se levantou para distribuir livros. "Parece que eram livros que diziam respeito a crimes. Mas isso ainda vai ser avaliado", comentou o delegado.
Pouco antes do momento do ataque, um garçom do bar que passava perto da mesa percebeu que havia facas dentro da mochila: "Quando ele ia comunicar a chefia sobre este fato, o homem sacou uma das facas e começou a desferir golpes contra as pessoas da mesa próxima", relatou Pinhão.
"As imagens [das câmeras de segurança] mostram o grau de violência. Ele primeiro desferiu uma facada pelas costas de um cliente, que não teve chance alguma de defesa. Em seguida, outro cliente tentou contê-lo e também foi bastante ferido, no rosto e nas mãos", disse o delegado.
O homem foi indiciado por suspeita de homicídio qualificado (por meio cruel e sem chance de defesa) e de tentativa de homicídio qualificado (por meio cruel) contra outras três vítimas.