Dias frios são mais indicados para fazer procedimentos que renovam a pele ou deixam hematomas

Por SÍLVIA HAIDAR

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cirurgias plásticas e procedimentos dermatológicos invasivos costumam exigir cuidados específicos durante o período de recuperação. O uso de cintas é necessário após abdominoplastias e lipoaspirações. Passar hidratantes calmantes é essencial para reduzir o desconforto e restaurar a pele depois de realizar peelings ou tratamentos com lasers.

O incômodo causado por essas medidas pode ser ainda maior no verão, quando o calor provoca suor e inchaço. Por isso, embora os dias frios estejam sendo raros neste inverno, para quem deseja se submeter a um desses procedimentos, ainda vale a pena se programar para fazê-lo durante as estações menos quentes, quando há chances menores de os termômetros marcarem temperaturas muito altas.

"O inverno é sabidamente o melhor período para realizar cirurgias plásticas por várias razões. O uso da cinta, que esquenta um pouco, fica mais confortável nessa época. A retenção de líquidos, que provoca inchaço, é menor. E também há mais tempo para se recuperar antes do momento de exposição solar do verão, quando os raios solares ficam mais intensos por estarem mais perpendiculares à Terra", explica Alessandra Haddad, cirurgiã plástica, dermatologista e professora afiliada da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do curso de pós-graduação em cosmiatria, laser e procedimentos minimamente invasivos do Hospital Israelita Albert Einstein.

Haddad ressalta que é essencial evitar o sol e caprichar no protetor solar quando houver hematoma em partes do corpo que ficam expostas, sem que as roupas cubram. "O hematoma significa derramamento de sangue fora do vaso sanguíneo, na área abaixo da pele. O ferro do sangue, quando está livre no tecido, sofre degradação em fragmentos menores para serem absorvidos e eliminados. Quando expostos ao sol, sofrem uma reação que altera a forma do ferro para uma forma mais escura, que não é absorvida facilmente. O resultado será uma mancha de difícil tratamento", diz.

Mesmo no caso de lasers e peelings, que não costumam deixar hematomas, é importante fugir do sol. "Os procedimentos para renovar a pele removem temporariamente o estrato córneo, que é uma barreira natural de defesa da derme. Então há uma necessidade reforçada da fotoproteção", afirma.

Além disso, destaca a médica, a produção de suor e sebo na pele é maior nos dias quentes. Essas secreções dificultam a cicatrização e aumentam o risco de contaminação.

Para melhorar a recuperação, Haddad indica permanecer em ambientes fechados e mais frescos, borrifar água termal e fazer compressas de soro fisiológico gelado na pele. A especialista diz que é imprescindível beber bastante água, evitar alimentos com muito sal, que provocam retenção de líquidos, e seguir as recomendações do médico responsável.

O dermatologista Thiago Cunha explica que existem vários tipos de laser. Os ablativos, que removem as camadas superficiais e geram um efeito de alisamento na pele, como o de CO2, exigem um tempo maior de recuperação. "Eles não são indicados para tratar pele negra porque há um grande risco de provocar manchas ou escurecer mais as pré-existentes. Então nesses pacientes a gente aplica lasers menos agressivos."

Sobre os peelings, Cunha diz que os cuidados também devem ser redobrados com os que atuam mais profundamente na pele. Ele explica que são três tipos: os superficiais, que geram uma renovação leve na derme, os médios, que estimulam colágeno e reduzem linhas finas, e os profundos, como o de fenol, indicado para rejuvenescimento de uma pele extremamente enrugada.

"O peeling de fenol exige preparação e uma recuperação que dura em torno de trinta dias", afirma. O dermatologista reforça que esse procedimento é muito invasivo e precisa ser aplicado por um médico que domine a técnica, já que o fenol é uma substância tóxica que pode afetar coração e rins.

Outro procedimento que precisa de cuidados extras com o sol é a subcisão, embora seja utilizada para tratar celulite e feita em partes do corpo que costumam ficar cobertas pela roupa.

Cunha conta que, nessa intervenção, o médico rompe a fibrose que causa as ondulações na pele com a introdução de um tipo específico de agulha. "É um tratamento que eu recomendo fazer no inverno devido aos hematomas, que podem levar vários dias para sumir."