Alunos da Faculdade de Medicina da USP decidem fazer paralisação em apoio a greve
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Estudantes da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) decidiram fazer uma paralisação em apoio à greve de alunos da instituição. Com isso, a manifestação segue ganhando corpo.
Durante assembleia realizada na noite desta quarta-feira (27), maioria dos presentes optou pela suspensão das aulas.
"Agora, cabe a nós garantirmos que a paralisação ocorra de fato. Vamos nos unir para impedir que as aulas aconteçam, assim assegurando que sejam postas em prática as reivindicações dos alunos", diz o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, representante dos estudantes de medicina.
A Faculdade de Medicina da USP estava rachada até esta noite. Lá, também funcionam os cursos de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e física médica. Estes apoiaram os grevistas desde o princípio; os da medicina, não. Assim, disputa foi iniciada naquele prédio, com vitória do boicote a classes.
Com a participação dos discentes de medicina, apenas FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária), FOUSP (Faculdade de Odontologia), FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas) e da EEFE (Escola de Educação Física e Esporte) ainda não se manifestaram sobre adesão ou apoio à greve.
Na noite desta segunda (25), alunos da Escola Politécnica decidiram apoiar a greve, assim como estudantes da Faculdade de Direito. A decisão foi tomada em assembleia com a presença de 630 estudantes. Segundo o Centro Acadêmico 11 de Agosto, 606 alunos votaram a favor da paralisação.
Uma reunião de representantes dos diretórios acadêmicos com a reitoria da universidade está marcada para a tarde desta quinta-feira (28). O reitor, Carlos Gilberto Carlotti Junior, não participará. Ele está em viagem à Europa, com retorno previsto para o dia 3 de outubro.
ROTEIRO DA GREVE
O movimento de greve na USP começou no último dia 18, quando alunos dos cursos de letras e geografia pretendiam realizar um protesto contra a falta de professores.
Por volta das 19h daquele dia, a diretoria da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) enviou um email aos estudantes dizendo que todas as atividades estavam suspensas. Na sequência, os prédios foram esvaziados e trancados devido ao temor de que fossem invadidos. A guarda universitária foi acionada, e viaturas da PM foram enviadas ao local.
Após a ação, alunos de outros cursos da FFLCH -ciências sociais, história e filosofia- decidiram apoiar a paralisação.
Uma lista de exigências foi endereçada ao diretor do espaço, Paulo Martins: liberação dos prédios; saída dos agentes de segurança dos espaços estudantis; agendamento de reunião entre a reitoria e os alunos; e retratação pública de Martins, gravado xingando os estudantes.
Os três primeiros pontos foram atendidos. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Martins disse não pretender pedir desculpas por sua atitude e criticou os articuladores do movimento, dizendo que "usam as mesmas armas da direita bolsonarista". A declaração gerou revolta.