Deslizamento de terra deixa dois mortos no Amazonas, e três seguem desaparecidos

Por ALÉXIA SOUSA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma criança de seis anos e uma adolescente de 16 morreram no deslizamento de terra que devastou a comunidade do Arumã, em Beruri (a 173 quilômetros de Manaus), no Amazonas, na noite de sábado (30).

Em vídeo no perfil oficial da prefeitura, o chefe de gabinete de crise do município, Alexson Brito de Souza disse que as vítimas eram irmãos. A adolescente foi identificada como Kesia Moura Lima.

Ainda de acordo com o município, pelo menos três pessoas estão desaparecidas. O Corpo de Bombeiros segue com as buscas na região.

O deslizamento também deixou pessoas feridas, mas não foi divulgado o número e a situação delas. .

A erosão arrastou 45 casas para dentro do rio e deixou outras 30 sob risco. De acordo com a Defesa Civil Estadual, aproximadamente 300 pessoas foram afetadas.

O governo do Amazonas anunciou nesta segunda (2) que irá entregar 150 cestas básicas, 150 kits de higiene pessoal, 100 garrafões de água de 20 litros e 180 frangos aos moradores. Cerca de 30 profissionais de órgãos do estado estão no local atingido.

Moradores de Arumã relataram às equipes de resgate que o deslizamento de terra começou no fim da tarde de sábado, quando sentiram um forte tremor. Algumas pessoas correram em direção à floresta na tentativa de se proteger.

A prefeitura de Beruri decretou luto oficial de três dias. Em uma postagem nas redes sociais, afirmou que trabalha para dar assistência à população. "Vamos trabalhar incansavelmente para garantir que todas as vítimas recebam as devidas assistências, bem como identificar as causas dessa tragédia e tomar as medidas necessárias para evitar que algo semelhante ocorra no futuro", escreveu.

O desastre natural em Beruri é mais uma das consequências do agravamento da seca que atinge a região. De acordo com os órgãos responsáveis, o deslizamento foi causado pelo fenômeno "terras caídas", que acontece principalmente no período de estiagem no estado.

SECA HISTÓRICA

A seca na Amazônia, em especial no Amazonas, já levou 19 cidades do estado a declararem situação de emergência, entre elas a capital, Manaus.

Comunidades ficaram isoladas, há dificuldade de transporte e de acesso a alimentos e medicação. Também há casos de mortandade de peixes e animais em diferentes regiões.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá constatou a morte de 110 botos e tucuxis no lago Tefé, nas imediações do porto da cidade de Tefé (AM), que fica na região do médio rio Solimões. A identificação ocorreu num período de uma semana, do último sábado (23) até esta sexta-feira (29).

A seca severa também obrigou, nesta segunda-feira, a proibição de banho na praia da Ponta Negra de Manaus, principal balneário da cidade. Um laudo aponta que o mergulho fica perigoso na praia quando o Rio Negro fica abaixo dos 16 metros. A interdição é temporária e deve durar 90 dias.

O governo do Amazonas decretou situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado, em razão da seca severa. O governo federal também anunciou medidas de socorro para a região, como apoio à distribuição de cestas básicas.