Polícia bloqueia sinal de celular em penitenciárias para desarticular facção no Rio
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A polícia penal do Rio de Janeiro apreendeu 58 celulares e um quilo de droga na operação feita dentro das penitenciárias Gabriel Ferreira Castilho e Jonas Lopes de Carvalho, conhecidas como Bangu 3 e Bangu 4, na zona oeste da cidade.
A ação, que bloqueou o sinal telefônico das unidades prisionais, teve como objetivo impedir que lideranças criminosas dessem ordens aos comparsas durante a operação feita nesta segunda-feira (9), no Complexo da Maré, na Vila Cruzeiro e na Cidade de Deus, segundo informou a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária),
A operação em Bangu 3 e Bangu 4 também é uma resposta, conforme informou a secretaria, à suposta videoconferência feita por chefes do Comando Vermelho que teria ordenado a morte dos suspeitos de terem matado três médicos na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade, na semana passada.
De acordo com os investigadores, criminosos da facção de narcotraficantes mataram por engano os médicos Perseu Almeida, Diego Bomfim e Marcos Corsato, na madrugada da última quinta-feira (5). Em resposta ao possível engano, líderes do CV teria mandado matar os atiradores.
Os corpos de quatro suspeitos foram encontrados na madrugada seguinte ao assassinato dos médicos. Entre eles estava Phillip Motta Pereira, o Lesk, de quem teria partido a ordem da execução.
Lesk era apontado pela polícia como chefe da milícia da Gardênia Azul, zona oeste da cidade. O grupo criminoso no bairro é aliado ao Comando Vermelho. A motivação seria uma vingança pela morte de outro miliciano.
A Seap afirmou que operação desta segunda-feira quer desarticular a rede de comando das facções criminosas, que costumam ser lideradas de dentro das prisões. A pasta disse que já fazia uma ação frequente de bloqueio prévio de celular, mas que a partir de agora vai intensificar os esforços.
"Hoje intensificamos essa operação com o apoio tecnológico também da Secretaria Nacional de Políticas Penais. Daqui para frente, nós estaremos mais ainda integrados, sobretudo, para a aquisição de novas tecnologias", afirmou a secretária de Administração Penal, Maria Lo Duca Nebel.
A chefe da pasta completou: "A Seap hoje está colocando Bangu 3 e 4 em 'modo avião'".
Nebel afirmou ainda que, em seis meses, a polícia penal apreendeu mais de 7.000 celulares nas 50 unidades prisionais do estado.
OPERAÇÃO EM CONJUNTO
As polícias Civil e Militar realizaram ações simultâneas em diferentes comunidades do Rio para cumprir 100 mandados de prisão, entre eles de suspeitos ligados aos assassinatos a tiros dos três médicos.
Até o momento, apenas 6 mandados foram cumpridos. Além desses seis presos, outras pessoas foram presas em flagrante.
Dois helicópteros da polícia foram atingidos por tiros na ação desta segunda. As aeronaves tiveram que pousar, e um policial civil ficou ferido ao ser atingido por estilhaços. Um dos helicópteros voltou a operar após o ataque, segundo o governo do estado.
As aeronaves sobrevoavam a Vila Cruzeiro, na Penha. O helicóptero da PM foi atingido no vidro da frente, e o da Civil, no tanque de combustível. Os dois pousaram em um terreno que pertence à Marinha, na avenida Brasil.
MORTE DE MÉDICOS
O crime aconteceu na madrugada da última quinta (5), em frente ao Windsor Hotel, área nobre da Barra da Tijuca. Toda a ação durou 27 segundos e foi registrada por câmeras de segurança.
Os ortopedistas Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, Perseu Ribeiro Almeida, 33 e Daniel Sonnewend Proença, 32, aparecem sentados em uma mesa do quiosque quando três homens descem de um carro branco parado do outro lado da via e começam a atirar no grupo. Somente Proença sobreviveu.
Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltam correndo para o veículo e vão embora sem roubar nada. Uma testemunha que estava no local e prestou depoimento afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos.
A principal linha de investigação é a de que um dos médicos foi confundido com um miliciano rival ao grupo de atiradores.
Com o erro constatado e a repercussão, os traficantes teriam feito um "tribunal do tráfico". O chefe do Comando Vermelho na Penha, Edgar Alves, o Doca ou Urso, teria ordenado a morte de todos e avisado a polícia por intermédio de informantes, de acordo com investigadores. Os corpos foram encontrados na zona oeste.