SP compra bonés sem licitação pelo dobro do preço para distribuir no calor

Por Folhapress

SP compra bonés sem licitação pelo dobro do preço para distribuir no calor

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) comprou 40 mil bonés sem licitação para distribuir em dias de calor intenso.

Cada boné custou R$ 21,50, mais que o dobro do que foi pago em licitações de outros órgãos públicos. A informação foi divulgada pelo site Metrópoles e confirmada pelo UOL.

Em março, por exemplo, os Correios abriram um pregão para a compra de bonés para carteiros e pagaram R$ 8,88 por item em dois dos quatro lotes. No lote mais caro, o valor unitário foi de R$ 11.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social diz que seguiu todo o trâmite legal e que contratou a empresa com o melhor preço. Sete empresas apresentaram propostas.

SP gastou R$ 860 mil em bonés para a Operação Altas Temperaturas, que também distribui bebidas e frutas para minimizar o impacto do calor na população em situação de rua. Até 15 de novembro, foram distribuídos 130,4 mil garrafas de água, 59,6 mil frutas e 2,7 mil bonés.

A contratação da empresa Blackout Comercial foi concluída em 10 de novembro em caráter emergencial, o que possibilitou a compra com dispensa de licitação.

A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social diz que os valores de compra podem ser influenciados pelas especificações do boné, como impressão em alta resolução, e a necessidade da empresa garantir a entrega imediata.

Na licitação, a Prefeitura de SP diz que devem ser fornecidos 40 mil bonés de aba curta, cor azul-marinho, "tecido gabardine, 100% poliéster, modelo 5 gomos, impressão em alta resolução, fecho traseiro com regulador de elástico, em tamanho único".

LEIA A NOTA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA ÍNTEGRA:

"A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), informa que todo processo de compra dos bonés para a Operação Altas Temperaturas (OAT) foi feito em concordância com o trâmite legal requerido. Foram consultadas sete diferentes empresas com capacidade comprovada de atender às especificações do Termo de Referência, inclusive da quantidade de itens a serem entregues. Na ocasião, a Blackout Comercial Eireli apresentou a melhor proposta.

A contratação foi emergencial e se deu em razão da intensificação do calor com máximas de 37.7 ºC e baixa umidade, que, combinadas, apresentam riscos à saúde e ao bem-estar de parcela já vulnerável de cidadãos, incluindo pessoas em situação de rua, prestadores de serviços, idosos, entre outros, sendo urgente a ação do poder público.

Em relação à diferença de valores, a SMADS destaca que há fatores que podem influenciar, como as especificações do boné, dentre elas, a aba curva, o tipo de tecido, a cor, o modelo, a impressão em alta resolução; a necessidade da empresa garantir a entrega imediata; ter a documentação devidamente regularizada para participar da concorrência, mesmo em processos emergenciais; o prazo de pagamento para 30 dias após emissão da nota fiscal; entre outros."

O UOL tenta contato com a Blackout Comercial, empresa que fez a proposta de R$ 21,50 por boné e foi contratada pela Prefeitura de SP. A matéria será atualizada se houver retorno.