Promotoria de SP denuncia aluna de medicina da USP por estelionato
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A estudante de medicina da USP Alicia Dudy Muller Veiga, 25, foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo pelo crime de estelionato.
A Promotoria a investiga por tentar fazer apostas no valor de R$ 891 mil em uma lotérica e pagar apenas R$ 891,53. A denúncia foi apresentada no dia 17 de novembro.
Em março deste ano, Alicia já havia sido denunciada pelo desvio de R$ 1 milhão da formatura da turma de medicina. Ela se tornou ré, mas não foi presa. O processo tramita em segredo de Justiça.
Em nota, o advogado Sérgio Ricardo Stocco Caodaglio Giolo, que representa a estudante, disse que a defesa trabalha nos autos e que tudo será esclarecido ao final.
"Desde o início, a acusada se colocou imediatamente à disposição das autoridades policiais e tem colaborado com a apuração da verdade, a elucidação dos fatos e pela consequente busca da Justiça", afirmou o advogado.
Em março, 76 alunos de medicina da USP fizeram representações criminais contra Alicia no 16º DP (Vila Clementino), na zona sul da capital.
Em um perfil no Instagram, alunos da 106ª turma de medicina da universidade publicam avisos sobre a celebração, prevista para janeiro do ano que vem.
Os desvios no fundo de formatura da turma de medicina se tornaram conhecidos em janeiro deste ano, quando a própria estudante escreveu em um grupo de WhatsApp que havia investido parte do dinheiro guardado para a festa em uma corretora, que lhe teria dado um golpe -versão que não se sustentou.
Em um dos depoimentos à polícia, Alicia afirmou que investiu o valor, mas perdeu o dinheiro por falta de conhecimento em finanças. Com isso, passou a jogar na loteria para tentar recuperar o montante.
A investigação apontou que Alicia usou parte do dinheiro para cobrir despesas pessoais. Ela recebeu nove transferências do fundo de formatura para contas próprias de novembro de 2021 até dezembro de 2022.
A pena para estelionato vai de um a cinco anos de prisão, além de pagamento de multa. Em agosto, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um projeto de lei para aumentar a pena para de dois a seis anos.
Na avaliação do advogado criminal Gustavo Moreno, que não atua no caso, o caminho mais provável em uma eventual condenação na Justiça é a substituição de uma pena de prisão por medidas como prestação de serviços comunitários ou perda de bens, por exemplo.
"O fato de ela já responder em liberdade é um indicativo de que pode não receber uma pena de prisão. É ré primária, não tem histórico de condenações pregressas, o que vai acabar acontecendo é a substituição da pena", opina.