Parques de São Paulo têm brinquedos enferrujados e mau cheiro durante as férias
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Brinquedos consumidos pela ferrugem, mau cheiro ?vindo de aves enclausuradas e de banheiros sujos? e falta de sinalização são problemas encontrados nos parques da cidade de São Paulo no início do período de férias escolares, quando o número de visitantes tende a crescer.
A reportagem visitou oito endereços na primeira quinzena de dezembro. Em metade deles foi observado algum transtorno.
No maior, o parque Ibirapuera, na zona sul da capital, a área de recreação infantil tinha equipamentos de concreto rachados, enquanto os de madeira estavam com lascas soltas, e os de metal, enferrujados. Este é o caso das gangorras. Crianças circulavam livremente pelo local.
A Urbia, administradora do espaço desde dezembro de 2019 após vencer licitação por R$ 70,5 milhões, diz manter o playground "adequado para uso" e realizar periodicamente manutenções. A empresa destaca ainda haver apenas um brinquedo interditado atualmente, a ser substituído.
Já sobre as gangorras, informou ter programado pintura para o início deste mês. Porém, não comentou sobre a ferrugem. O contrato da concessão do parque vale até 2054.
No último dia 12, a aposentada Roberta Ferreira, 66, levou sua neta, Manuela Gomes, de nove anos, para aproveitar uma tarde ensolarada no passeio. A menina saiu arranhada de um túnel. Passara seu braço em uma rachadura no aparelho.
"Este parque não é mais para crianças e famílias. Moro aqui perto há dez anos, e só vejo piorar. É brinquedo quebrado, grama alta, baderna, banheiro fedido. Até sexo tem", relata Roberta.
Sobre a afirmação, a Urbia disse caber à GCM (Guarda Civil Metropolitana) garantir a ordem. Afirmou também ter, desde o início da concessão, implantado câmeras de monitoramento naquelas dependências.
Apesar das reclamações acerca da área infantil, outros equipamentos do Ibirapuera funcionam bem. É o caso das numerosas quadras poliesportivas, sempre lotadas, e do serviço para aluguel de bicicletas, custando R$ 12 a primeira hora e mais R$ 6 a cada 30 minutos adicionais.
No parque da Água Branca, zona oeste paulistana, aves presas em um recinto deixam o local com um cheiro desagradável. O odor característico chega longe, deixando visitantes espantados. "A catinga até gruda nas roupas", comenta a professora Sandra Gomes, 51.
Ela faz parte da associação de moradores daquela região que denuncia a prisão dos animais. O grupo diz haver maus-tratos a eles.
A Reserva Parques, concessionária que administra o local desde agosto de 2022, explica ter sido necessário confinar todas as aves no início deste ano em razão do alerta de gripe aviária no país. Segundo normas sanitárias, se um animal for contaminado pelo vírus deve-se abater demais indivíduos nos arredores. Essa medida segue em vigor por tempo indeterminado.
"Desde novembro, as equipes técnicas do parque foram reforçadas, com aumento de 50% do efetivo. As ações de limpeza e manutenção, como a troca periódica do substrato da área, também aumentaram", afirmou a empresa. Hoje, os animais estão sendo retirados do grande galinheiro e sendo redistribuídos em espaços de 2.500 metros quadrados.
A organização no comando do Água Branca é a mesma à frente de outros dois parques da capital: Villa-Lobos e Cândido Portinari, também na zona oeste. Todos foram assumidos no mesmo período em concessão de R$ 124,3 milhões. O contrato deve durar até 2052.
Frequentadores elogiaram três características do Água Branca: a maciça arborização, proporcionando sombra em quase toda sua extensão, a realização de feiras e eventos culturais aos fins de semana e os edifícios tombados.
Na zona leste da cidade, o parque do Carmo é um labirinto. Durante a visita da reportagem ao local, eram raras as sinalizações sobre saídas e banheiros, todos necessitando de limpeza e manutenção. A reportagem esteve lá no último dia 13. Demorou 15 minutos para encontrar um sanitário e 30 para conseguir deixar o local. Um grupo de idosos enfrentava a mesma situação.
Eles disseram que estavam ali porque os equipamentos para ginástica do Ceret (Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador), na mesma região, estavam em manutenção há algumas semanas. A situação foi confirmada em visita. "O povo precisa se mexer, né? Mas nossos governantes dificultam", diz o autônomo Cláudio Brites, 68.
A prefeitura, responsável pelos dois locais, afirma estar empenhada em melhorar as áreas. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a sinalização no parque do Carmo já está sendo aprimorada para facilitar a localização dos espaços e será ainda ampliada. Sobre os aparelhos do Ceret, o prazo para manutenção é o primeiro semestre de 2024.
Apesar desses problemas, frequentadores elogiaram os dois espaços pela diversidade de seus equipamentos e pela localização.
A reportagem também visitou os parques Linear Bruno Covas, Augusta, Villa-Lobos e Horto Florestal. Em nenhum deles encontrou avarias nos equipamentos ou dificuldades. os frequentadores também não relataram problemas. Os dois primeiros são mantidos pelo poder público, enquanto os dois últimos estão sob responsabilidade da iniciativa privada.
No Bruno Covas, localizado na zona sul, há destaque para a possibilidade de passeio sobre o rio Pinheiros e as várias opções culinárias. Já no Augusta, na região central, uma grande clareira oferece banho de luz solar aos visitantes. Muitos levam roupas de praia.
O parque Villa-Lobos possui diversas atrações, como a maior roda-gigante da América Latina, a Roda Rico, um carrossel gigante e atrações infláveis para crianças. Indo ao Horto Florestal, na zona norte, o usuário terá oportunidade de contato mais íntimo com a natureza.
Ele está numa reserva de mata atlântica, onde podem ser encontrados tucanos, capivaras, maritacas e esquilos facilmente.