Castro volta de férias, prega união e cobra governo federal após chuvas no Rio
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), interrompeu suas férias em Orlando, nos Estados Unidos, e retornou ao Brasil após as chuvas que devastaram bairros da capital e de cidades da Baixada Fluminense.
Em entrevista a jornalistas no início da tarde desta segunda-feira (15), ele pregou união entre os governos municipais, estadual e federal no combate às chuvas.
"Não existe chuva do presidente, chuva do governador, chuva do prefeito. A chuva é uma só, nós temos que trabalhar juntos", disse Castro.
Na sequência, ele disse que iria cobrar do governo Lula (PT) uma solução para a rodovia BR-040, que ficou alagada após o temporal do fim de semana.
"Estou notificando o governo federal e a ANTT [Agência Nacional de Transporte Terrestre] sobre a situação da BR-040. Impossível ter um bolsão de água tão grande na frente de um hospital, que é o Adão Pereira Nunes, e isso não ser resolvido em oito horas. É uma situação que já passou dos limites", afirmou.
O governador afirmou que vai procurar Lula para pedir urgência às obras do Rio Botas, que fazem parte do PAC. O rio foi um dos mais afetados pela chuvas.
"Vou falar com o Lula a tarde para a obra do Rio Botas, que também está no PAC e atende 5 municípios. São R$ 730 milhões, essa obra tem que ser prioridade".
As fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro e a região metropolitana deixaram 12 mortos e há uma pessoa desaparecida. Devido à situação, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), decretou emergência no município, que foi reconhecida pelo governo federal.
No domingo (14), o governo federal afirmou, em nota, que o presidente Lula (PT) havia conversado por telefone com Paes e com o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, e "garantiu todo o apoio".
Castro decidiu antecipar a volta das férias após ser pressionado por aliados.
O chefe do Executivo convocou uma reunião com seu secretariado no CICC (Centro de Comando Integrado). Estão presentes no encontro o vice-governador Thiago Pampolha, que comanda a pasta do Meio Ambiente, e os secretários da Casa Civil, Nicola Miccione, da Polícia Militar, Luiz Henrique Pires, da Segurança Pública, Victor Santos, do Desenvolvimento Social, Rosangela Gomes, da Saúde, Cláudia Maria Mello, de Obras, Uruan Andrade, da Defesa Civil, coronel Leandro Sampaio Monteiro, e de Cidades, Douglas Ruas. O presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), Rodrigo Bacellar (União Brasil), também participa da reunião.
A volta antecipada de Castro tem também como pano de fundo o cabo de guerra político que ele trava com o vice-governador, Thiago Pampolha. Os dois estão afastados desde que o irmão de Castro foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em dezembro. O chefe do Executivo fluminense é investigado no mesmo inquérito, que apura desvio de verbas públicas entre 2017 e 2020, época que Castro era vereador e, depois, vice-governador.
Castro tem dito que Pampolha está se movimentando para diminuir a força política dele. Um dos motivos seria a troca de legenda do vice, que está de saída do União Brasil para se filiar no MDB ?o que embaralha os planos eleitorais de Castro. A filiação do futuro emedebista está marcada para 8 de fevereiro e deve contar com a presença do presidente do partido, Baleia Rossi, e do governador do Pará, Helder Barbalho.
No entorno de Castro também é dito que Pampolha se prepara para assumir o governo em uma eventual queda do chefe do Executivo devido às investigações da PF. Foi justamente como Castro alcançou o comando do estado, ainda em 2020, após o afastamento de Wilson Witzel.
Com a ausência de Castro no fim de semana, Pampolha ficou como governador em exercício e foi às ruas para acompanhar os estragos causados pelo temporal. A atenção que o vice recebeu fez o governador cancelar as férias. Castro, que baseou sua campanha à reeleição no ano passado pela conduta que teve no desastre de Petrópolis, em 2022, não quer perder espaço de gestor diante de um desastre natural.
Quanto a Pampolha, o vice de fato aproveitou a oportunidade para mostrar que sabe atuar diante de situações de emergência. Ele reclama ter ficado de fora de decisões importantes do estado no ano passado, decorrentes, por exemplo, da escalada da crise na segurança pública em outubro.
TEMPORAL DEIXA MORTOS
Das 12 mortes, quatro foram registradas em bairros da zona norte da capital fluminense (Ricardo de Albuquerque, Acari, Costa Barros e Complexo do Chapadão). Outras oito ocorreram em municípios da Baixada ?três em Nova Iguaçu, duas em São João de Meriti, duas em Duque de Caxias e uma em Belford Roxo.
Duas cidades da Baixada Fluminense estão ainda em situação crítica nesta segunda-feira: Belford Roxo e Duque de Caxias. As ruas desses dois municípios continuam alagadas, impossibilitando a circulação pela região.
A chuva chegou a alagar o subsolo do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, e a unidade ficou sem energia elétrica.
Um alagamento chegou a interditar o trânsito em parte da avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. O trecho só deve ser liberado no início da tarde.
A prefeitura do Rio e dos municípios da Baixada Fluminense pediram para a população não se deslocar pelas cidades durante a situação de emergência.
Nesta segunda, a capital fluminense continua em estado de alerta. Segundo o COR (Centro de Operações Rio), a cidade está no estágio 2 de uma escala que vai do 1 ao 5, o que significa que "há risco de ocorrência de alto impacto".
Também há previsão de chuvas intensas para esta segunda. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o volume de chuvas pode chegar a 50 mm.
Petrópolis, região serrana do estado, também emitiu alertas por causa da chuva. A cidade registrou um total de 28 ocorrências causadas pelo mau tempo no sábado e no domingo.