Publicitário acusa seguranças de agressão no Festival de Verão em Salvador

Por MARIANA BRASIL E LUCAS BRÊDA

SALVADOR, BA E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O publicitário Roberto Junior, 30, diz que foi agredido por seguranças no Festival de Verão de Salvador, neste domingo (28). Exibindo machucados e hematomas no rosto e no corpo, ele afirma que a violência aconteceu após os funcionários o acusarem de ser um ladrão de celular.

De acordo com ele, a violência teria sido praticada por contratados da Prestserv, empresa que fazia a segurança do camarote Smirnoff, no momento em que saiu para ir ao banheiro, ao fim do show de Léo Santana.

"Ao sair da cabine, tinham seis seguranças que me encurralaram na parede e já vieram me tocando para procurar os celulares que, supostamente, eu teria roubado dentro do evento. Segundo eles, receberam essa acusação", disse Roberto à reportagem.

"Quando fui pegar meu celular para registrar essa abordagem eles simplesmente derrubaram meu celular e já me bateram. Eu caí no chão e cheguei a me defecar de tão pesado que foi. Depois levei dois mata-leões e comecei a gritar, pedir socorro porque eu estava ficando sem ar, e algumas pessoas começaram a me ajudar", conta.

Durante a confusão, os seguranças teriam levado Roberto para um canto do espaço, onde o xingaram e ameaçaram. "Um deles arrancou a pulseira [do evento] do meu braço e saiu correndo e eu comecei a conseguir filmar os outros."

Parte da situação foi registrada por Roberto e pessoas no entorno que o ajudaram. Em um dos vídeos, é possível ouvir o publicitário questionar a um dos seguranças quem o denunciou o suposto roubo.

Nos registros, é possível ver Roberto sendo levado pelos seguranças enquanto grita e acusa a equipe de racismo e homofobia. O jovem, que também teve seu relógio quebrado, fez boletim de ocorrência e exame de corpo de delito.

Roberto conta ainda que uma das testemunhas do caso não o conhecia e já estava de saída do evento, quando se prontificou no momento para depor no caso.

O publicitário foi ao festival junto com o namorado e uma amiga, que aguardavam seu retorno no camarote. Após o show de Léo Santana, Roberto pretendia assistir à performance de Caetano Veloso, mas foi impedido pela situação.

Roberto foi ao posto médico e, em seguida, foi levado à delegacia pela própria produtora do festival para prestar queixa. Ele conta que a organização do evento foi até ele enquanto ainda estava no posto médico garantindo que dariam suporte, mas até o momento, ninguém entrou em contato.

Roberto é formado em produção cultural pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e presidente da torcida LGBT+ do Esporte Clube Vitória.

Em nota, a Bahia Eventos, organizadora do Festival, lamentou o ocorrido e informou que o fato está sendo apurado pela empresa e pelas autoridades policiais.

Ainda na nota, a organização afirma que, assim que foi comunicada, adotou todas as providências para a prestação de assistência à vítima, assegurando atendimento médico imediato, registro da ocorrência na delegacia montada dentro do evento e condução até a sua residência.

A empresa diz que está na busca pela resolução do caso e identificação dos agressores para que as autoridades possam tomar as medidas cabíveis. A Bahia Eventos afirma ainda repudiar todo e qualquer ato de violência, racismo e discriminação.

A reportagem também tentou contato com a Prestserv, a Polícia Civil Secretaria de Segurança Pública da Bahia, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

O Festival completa 25 anos em 2024. A festa reuniu alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, além de representantes da música baiana, como Ivete Sangalo e Léo Santana.