Grupo Silvio Santos empareda Arcos do Beco do Teatro Oficina

Por ISABELA PALHARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Integrantes do Teatro Oficina foram surpreendidos na manhã desta segunda-feira (5) com o fechamento dos Arcos do Beco, no fundo da arena teatral. Segundo eles, os funcionários que emparedaram o local são do Grupo Silvio Santos, que trava há anos uma disputa pelo terreno vizinho.

O grupo admitiu que fez alterações no teatro.

"O Grupo Silvio Santos só buscou reparar o estado original de nosso imóvel após longa e exaustiva discussão jurídica que reconheceu, nos autos do processo, que a referida escada nunca havia sido parte do tombamento do Teatro Oficina", disse em nota.

"Comprovado nosso direito, obtivemos decisão favorável nesse sentido, e cumprimos com a decisão judicial. O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o juízo entendeu que o GSS poderia fazê-lo. Reforçamos que temos muito respeito pelo Teatro Oficina e esperamos que compreendam", informou.

Os integrantes disseram que os funcionários chegaram ao local por volta das 7h desta segunda e subiram um muro, fechando a passagem dos Arcos. O imóvel do Teatro Oficina é tombado como patrimônio histórico e cultural, portanto, alterações em sua arquitetura só podem ser feitas com autorização dos órgãos responsáveis por sua preservação.

A Folha de S.Paulo esteve no local no fim da manhã desta segunda e viu os funcionários finalizando o serviço de emparedamento. Eles também retiraram uma escada azul de metal, que ligava os arcos ao terreno.

Os funcionários não quiseram falar com a reportagem.

"O grupo entrou com o pedido de reintegração de posse, alegando que o teatro invadiu o terreno deles por conta da escada. Esse pedido ainda está correndo na Justiça. Não há nenhuma decisão, favorável ou desfavorável. Eles não poderiam ter alterado o nosso espaço sem autorização judicial", disse à Folha de S.Paulo a poeta e dramaturga Cafira Zoé, ligada à associação do Teatro Oficina.

Segundo ela, a ação é também ilegal por ter alterado a arquitetura do teatro, que é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 2010.

O Teatro Oficina, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, luta há décadas para conseguir uma saída lateral para o terreno vizinho, onde o Grupo Silvio Santos pretendia construir um conjunto de prédio.