Polícia espalha fotos de fugitivos de Mossoró, e barreiras chegam até o Ceará
BARAÚNA, RN (FOLHAPRESS) - Equipes de busca pelos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, têm distribuído cartazes em estabelecimentos comerciais e criando barreiras policiais até a fronteira entre o estado e o Ceará. Parte desse percurso está incluída no raio de 15 km onde as autoridades acreditam que os dois fugitivos ainda estão.
A reportagem percorreu aproximadamente 50 km desde Mossoró até a divisa com o Ceará, identificando pelo menos quatro pontos de bloqueio. Nesses locais, policiais pedem para motoristas e passageiros baixarem os vidros e abrirem os porta-malas de todos os tipos de veículos, como parte do procedimento padrão.
Ao longo desse trajeto, há entrada para diversas comunidades rurais, como Rancho da Caça e Riacho Grande. Nessas áreas, já foram registrados casos de furto de roupas e alimentos pelos fugitivos, que também fizeram uma família refém.
Em um restaurante já próximo do Ceará há um cartaz dos dois fugitivos. Eles são Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho (CV).
No aviso, havia informações do número de contato para ligar e como proceder em caso de alguma suspeita.
"Alerta: Caso perceba alguma movimentação estranha e latido intenso de cães, a recomendação é para NÃO se deslocar à área externa, mas tentar identificar a ocorrência do interior da residência. Comprovada a presença dos foragidos, entrar em contato com a força policial", dizia o texto.
Enquanto a caçada aos fugitivos da penitenciária federal não termina, moradores dizem ter receio dos presos e trancar suas casas, já outros acreditam que a dupla não esteja mais na região, tendo conseguido chegar até o Ceará.
Segundo o agricultor Emanuel da Silva, 48, que estava no restaurante que fica na divisa, a população está ansiosa porque não sabe se os presos estão ou não na região.
"Tem que fechar tudo em casa e no local de trabalho durante a noite, não pode deixar nada aberto, eles podem entrar nas plantações e pegar fruta, essa região é muito produtiva", disse.
Já o motorista e comerciante João Oliveira, 59, disse ter muito policiamento na região, mas não acredita que os presos estejam no estado. Nesta quarta-feira (21), uma operação da polícia foi até a cidade de Baraúna e, segundo moradores, no local mostraram cartazes com a foto dos fugitivos.
"Policiamento não está faltando não, a todo momento a gente vê o carro passando de Baraúna a Ceará. Faz muito medo [porque ainda não encontram os detentos], tenho medo de eles fazerem a gente refém. Eu não mudei a rotina, todo dia saio para o meu serviço", disse.
O Secretário de Segurança Pública do Ceará, Samuel Elânio, informou que aproximadamente cem policiais do estado estão empenhados na operação de recaptura dos detentos.
"A princípio estariam no Rio Grande do Norte, mas se eles passarem por aqui não tenho dúvida que consigam realizar a prisão. A gente tem em todo o estado e na divisa câmeras com leitor de placas e há câmeras de reconhecimento facial na divisa e em alguns pontos da cidade", disse.
A procura pelos dois detentos que escaparam da penitenciária federal de Mossoró tem enfrentado diferentes desafios, como buscas em cavernas e matas, presença de animais peçonhentos e chuvas frequentes.
Os policiais afirmam usar fiscalização, inteligência e equipamentos. Helicópteros também estão sobrevoando a região.
Cerca de 600 homens passarão a atuar nas buscas nesta semana com a chegada da Força Nacional.