Exército vai investigar arsenal mantido por coronel em apartamento incendiado em Campinas

Por MARCELO TOLEDO

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército abriu uma investigação de possíveis irregularidades do arsenal mantido por um coronel da reserva no edifício Fênix, em Campinas, que foi alvo de explosões e um incêndio no sábado (24) no apartamento do militar. No total, 44 pessoas tiveram de ser resgatadas e 37 ficaram feridas após inalarem fumaça.

O Comando Militar do Sudeste afirmou, na tarde desta segunda-feira (26), que foi aberto processo administrativo para averiguar possíveis irregularidades quanto a situação cadastral do acervo.

O risco de haver munição escondida sob os escombros do apartamento em que houve explosões de munições e o incêndio faz com que o local permaneça interditado até a remoção dos resíduos. O edifício segue também sem energia elétrica. O anúncio foi feito pela Defesa Civil da maior cidade do interior paulista também nesta segunda.

"O referido militar possui registro válido como atirador, caçador e colecionador, que permite a posse e armazenagem de armas de fogo e munições, de acordo com uma série de prescrições legais", diz o Exército, por meio de nota.

O apartamento, segundo a polícia, pertence ao coronel reformado Virgilio Parra Dias, que chegou a ser visto do lado de fora do edifício pelas equipes que atuaram no combate às chamas, mas deixou o local e não foi mais encontrado desde então.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, ele é procurado desde o final de semana para dar explicações sobre o caso. A reportagem não conseguiu localizar o militar ou seu advogado.

As explosões seguidas do incêndio no apartamento no bairro Botafogo fizeram com que ao menos quatro moradores do prédio tivessem de ser resgatados de rapel.

O armamento estava armazenado num local considerado inapropriado no apartamento. Ao explodir, o elevador, o corredor de uso comum do edifício e as escadas foram atingidas, segundo a polícia. Isso fez com que alguns moradores fossem resgatados com o uso de cordas, já que a explosão da munição obstruiu o local de saída do Fênix.

O total de armas existentes chegou a cerca de 110, segundo a polícia, das quais quase todas foram achadas com danos parciais ou totalmente queimadas. Treze, porém, tinham bom estado, por estarem guardadas em outro local do apartamento.

Já o número de munições armazenadas no apartamento era de cerca de 3.000, conforme a Polícia Civil.

Também havia granada e pólvora no local. Por isso, equipes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foram acionadas devido ao risco e retiraram a granada para detonação num local adequado.

MORADORES

O caso aconteceu no primeiro andar do edifício Fênix, na rua Hércules Florence, que ficou tomado por fumaça, o que dificultou o acesso do Corpo de Bombeiros e a saída de moradores do prédio.

Moram no Fênix 74 pessoas, divididas em 31 apartamentos, e 44 foram resgatadas na ação que envolveu quase 20 homens do Corpo de Bombeiros e quatro ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A vistoria feita nesta segunda-feira no prédio pelo departamento de controle urbano da Secretaria de Urbanismo da Prefeitura de Campinas constatou que não houve danos estruturais no edifício.

Sidnei Furtado, coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, afirmou, porém, que os moradores poderão retornar ao prédio após a Polícia Militar e o Exército concluírem a remoção dos escombros.

"Devido à explosão, no meio dos escombros ainda pode haver munição. Isso requer cautela na remoção dos resíduos. Esse trabalho está sendo feito pela Polícia Militar com apoio do Exército", disse.

A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública sobre a vistoria, mas ainda não houve resposta.

A CPFL Paulista, concessionária de energia elétrica, informou na tarde desta segunda que aguarda a liberação das autoridades responsáveis pelo atendimento da ocorrência para restabelecer o fornecimento de energia no local.