O que se sabe sobre o assassinato de advogado no Rio
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Policiais civis da Delegacia de Homicídios do Rio estiveram nesta quarta-feira (28) na casa do advogado Rodrigo Marinho Crespo, 42, para tentar recolher pistas que ajudem a esclarecer o assassinato dele.
Ele foi morto em frente à sede estadual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), no centro do Rio, na tarde de segunda (26). Cresp estava na calçada da avenida Marechal Câmara quando foi atingido pelos disparos.
A polícia recolheu 18 cápsulas de projéteis de pistola calibre 9mm no local do crime e fez perícia. Nada foi levado do advogado.
No local do crime também funciona o escritório da qual a vítima que era sócia e, na mesma via, os prédios da Defensoria Pública e do Ministério Público.
De acordo com a Polícia Civil, apenas a possibilidade de latrocínio não está sendo considerada como linha de investigação. Os agentes apuram se a motivação do crime foi passional ou relacionado à atuação profissional do advogado, que era especialista em disputas empresariais.
A seguir, veja o que se sabe até o momento sobre o caso.
COMO FOI O CRIME?
O ataque ocorreu por volta das 17h, quando Crespo desceu do escritório no centro do Rio, para fazer um lanche. Imagens de segurança registraram toda a ação, que terminou na morte do advogado.
A gravação mostra quando um carro branco se aproxima parando em fila dupla. Na sequência, o autor dos disparos desce do banco de trás e dá poucos passos em direção à vítima, que estava na calçada. Já bem perto de Crespo, o atirador chama o advogado pelo nome e faz os primeiros disparos.
Depois de cair no chão, a vítima foi baleada mais vezes, até que o suspeito volta para o veículo que esperava de porta aberta e foge.
Toda a ação dura menos de 15 segundos.
ONDE FOI O ATAQUE?
O advogado foi assassinado no centro do Rio, em frente ao prédio onde fica seu escritório Marinho & Lima Advogados, na avenida Marechal Câmara. No local, também fica a sede da OAB-RJ, o Ministério Público do Rio e a Defensoria Pública Estadual.
Testemunhas contaram que Crespo costumava descer do escritório para tomar café à tarde.
"É um crime bárbaro, praticado a poucos metros da sede da OAB, isso tem um simbolismo muito grande. Não é só pela OAB, mas também porque temos aqui ao lado a Defensoria Pública e Ministério Público", disse o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, em entrevista coletiva nesta terça (27).
"Foi um desafio muito grande por parte desses criminosos. Certamente, esse crime não vai ficar impune. Peço a OAB, a todos os advogados e à sociedade do Rio de Janeiro que confiem na Polícia Civil", completou Santos.
Na terça-feira (27), Santos, e o secretário de Polícia Civil, Marcus Amim, estiveram reunidos na OAB-RJ para conversar sobre o caso.
O QUE APONTAM AS INVESTIGAÇÕES?
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. Os agentes estiveram nesta quarta na casa do advogado em busca de pistas.
Em uma perícia feita no local do crime, a polícia recolheu 18 cápsulas de projéteis de pistola calibre 9mm.
Os investigadores também analisam imagens de câmeras de segurança que registraram o ataque.
Os agentes apuram a motivação do crime. Amigos afirmam que Crespo não havia relatado ter recebido qualquer ameaça ou exposto preocupação com algum processo em andamento.
Ele tinha um relacionamento que havia sido rompido recentemente, sobre o qual também pouco falava, por ser considerado uma pessoa reservada.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz para obter informações que levem à identificação e prisão dos envolvidos no assassinato.
QUEM ERA O ADVOGADO?
Rodrigo Marinho Crespo tem cerca de 80 processos ativos no Tribunal de Justiça focados em disputas empresariais.
Ele é sócio-fundador do escritório Marinho & Lima Advogados, com experiência em direito civil empresarial, com ênfase em contratos. Formou-se em 2005 na PUC-Rio e fez pós-graduação na FGV, concluída em 2008.
A empresa Oi é a que mais aparece como cliente do escritório do advogado. Também já atuou em favor da Souza Cruz e causas cíveis do empresário José Carlos Lavouras, dono de empresas de ônibus e delator da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
Ele também atuou em favor de um cliente de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins", preso sob acusação de comandar uma pirâmide financeira que movimentou R$ 38 bilhões e de matar concorrentes na Região dos Lagos.
Crespo também atendeu na Justiça do Trabalho a Unir Saúde, organização social envolvida no escândalo que levou ao impeachment do ex-governador Wilson Witzel.
Ele era sócio de Antônio Vanderler de Lima Junior, filho do advogado Antônio Vanderler de Lima, próximo do ex-governador.
Desde 2011, Crespo era membro da Comissão de Direito Processual Civil do (IAB) Instituto dos Advogados Brasileiros. O presidente nacional da entidade, Sydney Limeira Sanches lamentou a morte e pediu às autoridades celeridade na apuração do crime.
A OAB-RJ também expressou condolências aos familiares e amigos do advogado e disse que vai acompanhar a investigação do crime.